A pandemia da covid-19 provocou a maior crise global para crianças desde a criação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), há 75 anos, refere a própria agência. A atual pandemia está a mudar décadas de progresso em áreas como a pobreza, saúde, acesso à educação, nutrição, bem-estar mental e proteção infantil, segundo o relatório “Prevenindo uma década perdida: ação urgente para reverter o impacto arrasador da covid-19 sobre crianças e jovens”.
Segundo este documento, a pandemia atirou 100 milhões a mais de menores para a pobreza, isto é, 1,8 menor a cada segundo. Atualmente, 60 milhões de crianças vivem em lares pobres, e mais de 23 milhões deixaram de ser vacinadas, o que representa o maior número em 11 anos. Desde o aparecimento da covid-19, mais de 1,6 bilião de menores deixaram de ir à escola, devido ao encerramento dos estabelecimentos de ensino, e mais de 13 por cento dos adolescentes sofreram problemas mentais.
Até ao passado mês de outubro, a pandemia levou à suspensão de 93 por cento de serviços críticos de saúde mental, e estima-se que se nada mudar, até 2030, podem ocorrer até 10 milhões de casamentos infantis. Henrietta Fore, diretora-executiva do UNICEF, afirma que atualmente estão “sob risco” os progressos e vitórias que tinham sido obtidos pela agência e parceiros no desenvolvimentos de ambientes mais saudáveis e seguros para crianças. Apesar do número de menores que passam fome, são abusados, sujeitos a casamentos forçados, estão fora da escola e sem acesso à saúde e vacinas terem descido, teme-se agora o regresso destes problemas, quando se olha para o futuro.
O UNICEF considera que, no melhor panorama, o mundo vai precisar de oito anos para recuperar da crise causada pela pandemia e voltar aos níveis de pobreza, antes do aparecimento da covid-19. Numa tentativa de apoiar os menores que estão em sofrimento, o UNICEF pede “mais investimento em proteção social, capital humano e numa recuperação resiliente e inclusiva”. A agência das Nações Unidas apela ainda a uma “reconstrução que melhor proteja as crianças das crises com novas abordagens pelo fim da fome e proteção de menores das alterações climáticas”.