À medida que a crise no Líbano se intensifica, pelo menos 1 milhão de crianças estão sob perigo de violência física e mental, alerta o relatório “Começos violentos: crianças crescendo num Líbano em crise”, da autoria do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Antes da chegada dos efeitos das medidas de contenção da covid-19, o país já enfrentava uma crise político-económica, e em agosto de 2020, uma explosão no Porto de Beirute exacerbou uma situação que já era dramática.
Segundo o relatório, mais de 80 por cento das crianças libanesas, encontram-se atualmente numa situação de pobreza multidimensional. “Em 2019, este número era a metade”, alertam as Nações Unidas. Aqueles que vivem sem dinheiro para conseguirem sobreviver acabam a enfrentar riscos como o trabalho e o casamento infantil, por exemplo.
Só entre outubro de 2020 a outubro de 2021, a UNICEF registou um aumento de 44 por cento em casos de abusos e exploração de menores no Líbano. O trabalho infantil aumentou em 53 por cento, com crianças com idades até aos seis anos a trabalhar em fazendas para ajudar as famílias, ou a vender combustível nas ruas, correndo risco de morte e de acidentes como queimaduras. A situação no país também levou a um aumento de casamentos de raparigas, e de problemas de saúde mental em adolescentes e jovens. A somar a este cenário, “um grande número de crianças começou a ter problemas com a justiça penal e a ser recrutada por criminosos para sobreviver”, alertam os investigadores.