A seca generalizada no extremo leste da África afetou a Somália de forma grave, levando o governo a declarar estado de emergência no final do ano passado. Atualmente, a falta de água “é a pior em 40 anos em algumas partes do país”, os furos e poços rasos estão a secar, há relatos de que o gado está a morrer, e a subida de preços de alimentos essenciais estão a deixar “bens inacessíveis para a maioria dos somalis”, referem os serviços de comunicação da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), “mais de 3,2 milhões de pessoas foram afetadas e cerca de 245 mil pessoas forçadas a abandonar as suas casas em busca de comida, água e pastagens, especialmente no centro e sul do país”. Os especialistas da OIM consideram que a já grave seca se vai agravar ainda mais, uma vez que o país “enfrenta o risco de uma quarta temporada consecutiva com poucas chuvas, entre abril e junho”. Com a seca atual e uma análise de dados de 2017, o relatório da OIM prevê que pelo menos 1 milhão de pessoas possa deslocar-se nos próximos seis meses. A pior previsão estima que mais de 1,4 milhão somalis podem deixar as suas casas, num país onde se calcula que existam “2,9 milhões de deslocados internos”.
A ONU afirma que os somalis “precisam de assistência urgente, especialmente os deslocados internos e os migrantes que continuam a enfrentar condições de vida precárias” e a lidar com a falta de serviços. A OIM está a trabalhar em colaboração com o governo, outras agências da ONU e parceiros locais para levar água aos deslocados internos, migrantes e grupos vulneráveis. Em mais de 100 locais está agora em curso a construção de furos e de poços rasos. Está também a ser transportada até estes pontos água e kits de higiene. A iniciativa deve chegar até 255 mil pessoas até o final de março. O objetivo é evitar um desastre humanitário, acentuado pelos conflitos em curso e pelos efeitos das alterações climáticas.