Porquê tanta injustiça na nossa sociedade? O que devemos fazer para construir uma sociedade mais justa? Hoje a linha de demarcação entre ricos e pobres é bastante nítida. Diariamente, muitas pessoas são discriminadas por causa do género, raça, etnia, idade, religião ou deficiência. A complexidade e a gravidade da situação atual da injustiça social devem preocupar-nos a todos. Cresce a riqueza mundial, mas aumentam as desigualdades, agravam-se as diferenças entre os vários grupos sociais e nascem novas pobrezas. Infelizmente, a corrupção e a injustiça social estão presentes entre os ricos, como entre os pobres. Muitos não respeitam os direitos humanos dos trabalhadores e muitos apoios internacionais são desviados das suas finalidades.
Na encíclica “Caritas in Veritate”, sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade, Bento XVI afirma: “O desenvolvimento foi e continua a ser um factor positivo, que tirou da miséria milhões de pessoas e, ultimamente, deu a muitos países a possibilidade de se tornarem atores eficazes da política internacional. Todavia há que reconhecer que o próprio desenvolvimento económico foi e continua a ser afetado por anomalias e problemas dramáticos, evidenciados ainda mais pela atual situação de crise”.
De acordo com o relatório “A situação e as perspetivas económicas mundiais das Nações Unidas (WESP) 2022”, vai aumentar o nível de pobreza nas economias mais frágeis do mundo. “A recuperação lenta prejudicará a redução da pobreza em muitos países em desenvolvimento. Este é, particularmente, o caso de África, onde se prevê que o número absoluto de pessoas em situação de pobreza aumentará até 2023”. A situação económica mundial e as perspetivas para 2022 exigem políticas e medidas financeiras mais direcionadas e coordenadas nos níveis nacionais e internacionais. “Agora é hora de fechar as lacunas de desigualdade dentro e entre os países. Se trabalhamos em solidariedade – como uma família humana – podemos fazer de 2022 um verdadeiro ano de recuperação para pessoas e economias”, disse António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas.
Há necessidade de uma renovação cultural profunda e de redescoberta de valores fundamentais para construir um futuro melhor. A crise obriga-nos a procurar novos caminhos, a impor regras novas e a apostar em outras experiências. A solidariedade universal é um dever.