O grau de sofrimento do povo sírio alcançou um novo patamar, com o recente aumento da violência, a crise económica e o agravamento da crise humanitária, refere o relatório da Comissão de Inquérito das Nações Unidas sobre a Síria, divulgado esta semana. Depois de 11 anos de conflito no país, cerca de 90 por cento da população encontra-se a viver na pobreza. “A Síria está a ir para um novo abismo, com mais bombardeamentos e ações militares e também mais abduções e assassinatos em zonas de conflito”, lê-se no documento.
Segundo Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito, existem “7 milhões de pessoas internamente deslocadas”. “Só na região noroeste, temos mais de 2 milhões de deslocados internos, sendo que metade vive em campos, numa situação muito precária”, disse o responsável, em declarações aos serviços de comunicação das Nações Unidas.
Aumenta a violência para obter dinheiro
O mais recente relatório dedicado à Síria indica que existem 12 milhões de pessoas que se deparam com a insegurança alimentar, e um número sem precedentes de 14,6 milhões de civis a estar dependentes de apoio humanitário. Devido à “situação económica desesperante”, a violência para conseguir dinheiro aumentou ainda mais no país.
A Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria aponta para a existência de sequestros para pedidos de resgate, extorsões, apreensão de propriedades e de plantações para vender as colheitas. O relatório imputa essas violações a forças do governo sírio e a grupos armados, que tentam controlar territórios, tendo as minorias como alvo.