Gloria Narvaez Argoty, das Irmãs Franciscanas de Maria Imaculada, foi libertada em outubro do ano passado. Após falar sobre aquela experiência tão dura e dramática, confessou esperar com ansiedade o dia do regresso à missão no Mali, para continuar a trabalhar junto dos mais pobres e necessitados. Foi a 7 de fevereiro de 2017 que um grupo de homens armados, membros de uma fação jihadista muçulmana, invadiu a comunidade religiosa e a levou como refém. Teve assim início um longo tempo de angústia e de sofrimento, mas também de “reflexão” e de “deserto pessoal”.
Apesar do calvário que viveu, dizia que nunca se deixou dominar pelo ódio, nem pelo sentimento de vingança. Pelo contrário, foi, segundo as suas palavras, “uma oportunidade que Deus me deu para rever a minha vida,
a minha resposta a Deus… uma espécie de êxodo”. Durante o tempo de cativeiro, a irmã Glória encontrou força em São Francisco, no qual pensava muito. Sozinha, num acampamento jihadista, também pensava na sua mãe, que acabou por falecer sem ver a filha em liberdade. Uma vez, o chefe terrorista chateou-se ao vê-la afastada do acampamento, rezando em voz alta. Forçou-a a regressar, agredindo-a e insultando Deus com palavras duras e feias, ao que ela respondeu com firmeza, dizendo-lhe – “Mostra mais respeito pelo nosso Deus. Ele é o Criador e magoa-me muito que fales dele dessa maneira” – O raptor calou-se, quando um colega lhe disse para não falar assim de Deus.
Presentes no Mali há mais de 25 anos, as Irmãs Franciscanas de Maria Imaculada centram a sua missão na promoção das mulheres, com especial ênfase na alfabetização, em técnicas de cultivo e em aulas de costura. A pedido dos homens daquela comunidade, as irmãs também os ensinam a fazer tarefas domésticas e a cuidar dos filhos mais novos, no caso da morte das esposas.
Texto: Álvaro Pacheco