“Para se tornar possível o desenvolvimento de uma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social, é necessária a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum”, escreve o Papa Francisco, na encíclica “Fratelli Tutti” (Todos irmãos, em português).
Hoje, infelizmente, muitas vezes a política assume formas que dificultam o caminho para um mundo melhor. Milhões de pessoas sofrem todas as formas de violência por abusos do poder. Os principais responsáveis políticos são incapazes de colocar o bem comum antes dos seus interesses privados. Muitos políticos têm dificuldade em dialogar e combinar a “busca de justiça com a misericórdia e a reconciliação”. Alguns chefes promovem ainda discursos de ódio, e o desejo de domínio sobre o povo.
Anselm Grün, no seu livro intitulado “Poder – Uma força sedutora”, disse que estamos a passar, por exemplo, por um declínio do poder político e por uma ascensão do poder populista, e assistimos ao abuso do poder no âmbito pessoal. Este monge beneditino explica: “Vemos isso concretamente no nosso mundo, quando tiranos sem consideração pelo bem-estar das pessoas dominam um país. Estão de tal modo embriagados com o seu poder que controlam tudo, exterminam brutalmente todos os dissidentes e oprimem a população. Exercem pressão e violência e não se importam nada com as pessoas, como elas se sentem”. Anselm Grün diz ainda que “por detrás deste poder esconde-se, em última análise, o desprezo pelos seres humanos e desprezo pela vida. Para tais poderosos, o que conta são as próprias vantagens, os próprios interesses”.
A trágica invasão russa da Ucrânia é algo absurdo, e demonstra como uma política errada pode destruir uma sociedade inteira. As pessoas que executam o poder devem exercê-lo em benefício dos outros, e não o contrário. Não existe uma “guerra justa” ou “guerra santa”. Todas as guerras são injustas.
Aproximam-se os meses de eleições marcantes em África e na América do Sul. São previstas, até dezembro, uma dezena de eleições e o maior desafio é garantir que as eleições resultem numa boa governação. A boa política só pode ser um serviço ao bem comum. Está ao serviço da paz e promove os direitos humanos, e, para os cristãos, apresenta-se como uma expressão de serviço e amor ao próximo.