A Missa exequial de Noberto Louro, sacerdote missionário da Consolata, aconteceu na tarde desta quarta-feira, 27 de abril, na capela pública do antigo Seminário da Consolata, em Fátima, depois do religioso ter falecido na última segunda-feira, dia 25, aos 84 anos, 64 deles de profissão religiosa e 59 de sacerdócio. A presidir à Eucaristia esteve Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa, que conheceu de perto Noberto Louro, e que hoje recordou a sua vida, nomeadamente a sua “disponibilidade”, e o seu “testemunho de simplicidade e de bondade”.

A proferir à homilia esteve Bernard Obiero, sacerdote e conselheiro da Região Europa dos Missionários da Consolata, que afirmou que o padre Norberto foi “um apaixonado pela missão”. “Temos muitas boas recordações e palavras que foram transmitidas sobre o nosso Norberto pelas pessoas que o conheceram, e muitos missionários que viveram com ele em Moçambique, Portugal e em vários cantos de mundo – Um grande missionário, um homem do povo, bom, alegre e otimista”, lembra o responsável, recordando momentos da vida do padre Norberto. “Dedicou a sua vida à formação e acompanhamento dos missionários, visitando-os e animando-os mesmo nos momentos difíceis, nos tempos de guerra em Moçambique, e, mesmo em perigo, acompanhou muitas comunidades”, salientou.

A morte do padre Norberto fez chegar muitas mensagens até aos Missionários da Consolata, uma delas escrita por Cassiano Kalima, sacerdote missionário da Consolata, atualmente presente em Moçambique, e que hoje foi lida na Eucaristia. “Obrigado por teres sido mestre de tantos jovens da Consolata espalhados por todo mundo, incluindo eu. Estes jovens, ontem teus noviços, hoje missionários da Consolata, encontram-se em diversas realidades missionárias do mundo ao serviço do povo de Deus. Agradecemos-te… Se dependesse de nós, diríamos que ficasses mais um tempo connosco. Porém, temos a certeza que partes com o ‘dever’ missionário cumprido”, refere o religioso.

Dedicação ao ensino

O padre Norberto era natural da freguesia de Cardigos, no município de Mação (Santarém), sendo que a sua formação religiosa passou por Itália. Em Portugal que foi professor assistente, diretor da revista FÁTIMA MSSIONÁRIA, e diretor do Seminário da Consolata em Fátima.

Esteve em missão em Moçambique cerca de duas décadas, onde foi pároco, vice-pároco e professor. Envolveu-se ainda na “preparação de professores que depois iriam ensinar as novas gerações de moçambicanos”, destacam os Missionários da Consolata, a propósito do seu falecimento. O padre Norberto foi também o diretor do Seminário Interdiocesano de Nampula e o superior regional da Consolata em Moçambique.

O missionário foi ainda conselheiro da Direção Geral do Instituto Missionário da Consolata em Roma, e superior regional da Consolata em Portugal. Ainda em território português, esteve envolvido na pastoral paroquial, no Cacém. “A sua última comunidade foi a da Consolata do Cacém, onde integrou a equipa formativa do Centro Missionário Padre Paulino e foi um grande apoio para os refugiados que esta casa acolheu nos últimos anos”, realçam os Missionários da Consolata.

Missionário “sempre positivo, alegre e fraterno”

O padre Norberto deixa um livro de crónicas, intitulado “A missão é simpática”, e memórias felizes em todos quantos com ele privaram. “Obrigado padre Norberto! A missão, nestes anos contigo, foi verdadeiramente ‘simpática’. Sempre tiveste palavras boas para animar e encorajar. Com a tua idade avançada e a tua grande experiência de vida e de missão, soubeste ainda abrir o coração ao novo, aos outros, compreender, acolher e abençoar o bem que fizemos e contribuir, com humildade comovente, com sabedoria rara, com simplicidade e carinho. Agora vivente em Cristo, intercede por nós”, refere Ermanno Savarino, sacerdote missionário da Consolata italiano.

Também Paco Lopes, sacerdote espanhol, recorda diversas características do falecido missionário. “Quero expressar a minha comunhão com os nossos missionários que trabalham em Portugal. Estou seguro que todos os que conhecíamos de perto o querido padre Norberto, concordaremos no dizer que ele foi um missionário da Consolata plenamente identificado, de uma grande humanidade e generosidade, sempre positivo, alegre, fraterno. Agradeço a Deus por tê-lo conhecido! Estou seguro que, agora, já no paraíso, perto de Deus e de nossa Mãe, continua a trabalhar por Portugal, por Moçambique, pelo Instituto.”

Por sua vez, Giuseppe Inverardi, missionário da Consolata italiano, recorda alguns momentos da vida do padre Norberto em terras africanas. “Recordo com admiração a assistência fraterna que prestou aos missionários durante a guerra interna em Moçambique. Nada o impediu de os visitar, mesmo em perigo. Ele trouxe-lhes tudo o que podia carregar”, lembra. Depois da Eucaristia no Seminário da Consolata, o cortejo fúnebre seguiu para o cemitério de Fátima, onde o padre Norberto ficará sepultado.