Depois das Semanas Missionárias em paróquias de Felgueiras, Vale de Cambra, Arouca e Baião, realizadas antes da pandemia, a vigararia da Maia recebeu vários animadores missionários que, divididos em grupos, visitaram e animaram as 18 paróquias desta vigararia, dando forma à “Missão Maia”, uma ideia que nasceu da parceria do Secretariado Diocesano Missionário, dos Animadores dos Institutos Missionários Ad Gentes (ANIMAG) e da vigararia da Maia.
A “Missão Maia” decorreu de 28 de fevereiro a 10 de abril, depois de tersido preparada durante o tempo mais forte da pandemia, através do lançamento da situação socio-pastoral da vigararia, a partir do clero, dos jovens, das famílias e vários grupos paroquiais, através do relatório “Os desafios pastorais da pandemia”, feito em consonância com o documento que a Conferência Episcopal Portuguesa tinha lançado em janeiro de 2021, intitulado “Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal”. Este relatório foi fruto da equipa criada com representantes de cada uma das 18 paróquias que constituem esta vigararia, os quais prepararam uma lista de propostas relativas às paróquias, para serem objeto de reflexão e ação durante e após a “Missão Maia”.
O anúncio desta missão decorreu durante o Advento do ano passado, com a primeira visita dos animadores missionários a todas as paróquias, com a presença da “Chama da fé”, um círio missionário com o logo da “Missão Maia”, e cinco faixas com as cores que representam cada continente do mundo. Desde então, no fim de cada Eucaristia, foi lida a oração da “Missão Maia” como forma de sensibilizar os fiéis para o acolhimento e participação ativa nesta iniciativa missionária.
A apresentação oficial teve lugar a 11 de dezembro, no auditório da Igreja de Nossa Senhora da Maia, com a presença de Manuel Linda, bispo na diocese do Porto. Durante o seu discurso, o prelado assumiu que a “Missão Maia” é uma iniciativa diocesana, e recordou que da diocese do Porto partiram sempre muitos missionários, incluindo muitos jovens que dedicaram as suas férias à missão.
Tendo participado ativamente ao longo das seis semanas desta missão, e em partilhas com outros animadores missionários, pude constatar que os problemas e desafios que a nossa Igreja enfrenta, não só na Maia, mas em todo o país, são muitos. Há problemas que vêm de um passado distante e que a pandemia veio acentuar. Não se trata apenas de dar um novo vigor a uma Igreja que se quer “em saída”, mas de encarar e enfrentar “olhos nos olhos” várias problemáticas que têm fragilizado, ao longo dos tempos, a vida comunitária da igreja local.
Neste contexto, e sempre com base nas conversas com outros missionários, vemos com bons olhos esta proposta da sinodalidade. Porém, tem de ser muito bem preparada e, sobretudo, posta em prática, porque não basta somente ter bons propósitos. Tudo começa por um “olhar para dentro de nós mesmos”, porque cada um de nós é Igreja. Antes de sairmos ao encontro dos outros e de testemunharmos Cristo com a nossa vida e a nossa fé, devemos viver esta mesma fé como família de fé, não só como comunidade, porque o conceito de “família” é mais incisivo e desafiador.
São vários os problemas a nível paroquial que tornam difícil fomentar e viver um espírito de família mais profundo, mas também existe muita força e vitalidade que precisa de ser ainda mais incentivada e alimentada, sobretudo através da valorização dos vários agentes pastorais, onde todos se sentem membros válidos e imprescindíveis da comunidade paroquial. Como tal, a missão não deve ser vista somente com um ir ao encontro dos que não vão à igreja, mas também e, em primeiro lugar, entre os que lá estão, tal como diz o logo da “Missão Maia” e da diocese do Porto – “Levanta-te! Juntos por um caminho novo!” Termino dizendo que esta foi uma missão muito positiva, a qual irá continuar através da criação de pequenos grupos missionários em várias paróquias, porque aprendemos também muito com esta experiência e o desejo mútuo é o de continuar a ser mais missão.
Texto: Álvaro Pacheco, missionário da Consolata