O Papa Francisco lançou as bases de um grande sopro na Igreja logo nos primeiros meses do seu pontificado. O ponto de partida do seu programa foi elaborado nas reuniões pré-conclave de 2013. Uma das propostas principais foi reformar a Cúria Romana e torná-la mais simples, descentralizada e eficiente, e promover a “sinodalidade”.
O Sumo Pontífice confirmou o seu plano de “transformação missionária da Igreja” na exortação apostólica “Evangelii Gaudium” (Alegria do Evangelho, em português), afirmando que “a reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de ‘saída’ para assim poder favorecer a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade”. A Cúria Romana não é apenas “um instrumento logístico e burocrático para as necessidades da Igreja universal”, mas é “o primeiro organismo chamado a dar testemunho”, disse o Papa.
No dia 19 de março, nono aniversário da inauguração do pontificado de Francisco, o Papa promulgou a nova constituição apostólica “Praedicate Evangelium” (Pregai o Evangelho, em português), um documento que implementa a reforma na organização e estrutura da Cúria Romana, propondo uma Cúria mais atenta à vida da Igreja Católica no mundo e à sociedade, rejeitando uma atenção exclusiva à gestão interna dos assuntos do Vaticano.
Francisco, promotor de uma “Igreja em saída”, propõe ao longo dos 250 artigos desta constituição uma estrutura mais missionária para a Cúria Romana, ao serviço das dioceses de todo o mundo, com especial atenção às Igrejas mais pobres.
A constituição também sublinha que se deve “incluir o envolvimento de leigas e leigos, em papéis de governo e responsabilidade”.
O Dicastério para a Evangelização está em primeiro lugar no documento, indicando a centralidade do órgão na nova estrutura da Cúria Romana. O Dicastério para o Serviço da Caridade, representado pela Esmolaria, assume um papel muito significativo na Cúria – “Exerce em qualquer parte do mundo a obra de assistência e ajuda em nome do Romano Pontífice, o qual, nos casos de particular indigência ou de outras necessidades, disponibiliza pessoalmente as ajudas a serem alocadas”. O novo documento vai entrar em vigor no dia 5 de junho, Dia de Pentecostes.