Nascido em Gambettola, Itália, em 1927, António Bellagamba inicia o seu discernimento vocacional no seminário diocesano e, aos 19 anos, amadurece nele a vocação missionária. O seu reitor de então refere – “É um jovem que possui sólida piedade. É disciplinado e com boa preparação nos estudos. É exemplar em tudo. Será um ótimo elemento para as missões”. O reitor tinha razão e, para apreciarmos o dinamismo apostólico deste gigante da evangelização, vamos acompanhar a sua caminhada missionária que abrange três continentes – Europa, América e, especialmente, África.
Depois da ordenação sacerdotal em 1952, o jovem trabalha como formador e professor nos seminários de Itália e, em 1960, viaja para o Quénia onde inicia a sua missão entre o povo kikuyu. São três curtos anos de inserção no ambiente africano, truncados pelas exigências da obediência que lhe determina como novo campo de missão os Estados Unidos da América (EUA), onde depressa se torna conhecido em todo o país, até ao ponto de lhe ser confiado pela Conferência Episcopal Americana o Secretariado Nacional para as Missões. Escreve vários livros e artigos sobre a missão da Igreja num mundo globalizado, que convencem os bispos do Quénia a requerer a sua ajuda na criação e consolidação da nova Universidade Católica da África Oriental (CUEA), e é para essa missão que em 1985 regressa ao seu amado Quénia.
Serão anos de intensa atividade docente e organizativa, durante os quais nunca esquece o trabalho pastoral nas paróquias, e acaba por acumular também o cargo de Diretor Nacional das Obras Missionárias Pontifícias. Mais uma vez, porém, a obediência vem pôr termo ao seu intenso labor quando os confrades nos EUA o escolhem como superior regional. Exerce esse cargo durante seis anos, seguidos por outros seis como vice superior geral dos Missionários da Consolata em Roma (Itália). Já com 78 anos de idade ei-lo de novo no Quénia, entregue à formação de futuros missionários e dedicando os últimos dois anos de vida à causa de beatificação do cardeal e seu grande amigo – Maurício Otunga – falecido em 2003, com fama de santidade.
Uma broncopneumonia a que inicialmente ele não atribui grande importância porque, segundo diz, é uma situação habitual que se repete todos os anos, acaba desta vez por vitimar aos 84 anos este gigante da missão que agora repousa entre os seus amigos kikuyus, no sopé do monte Quénia. Diz dele um seu confrade – “Foi um dos missionários mais missionário que jamais conheci: pela sua visão, pelo seu pragmatismo, pelo zelo e pelo dinamismo. Quando falava, era fogo!” – Era também homem de intensa oração. Celebra agora a liturgia celeste!
Texto: Tobias Oliveira