O acolhimento temporário das famílias ucranianas na Fundação Allamano, uma instituição dos Missionários da Consolata, chegou ao fim no passado mês de julho. O sentimento é de mais um desafio superado com êxito, não pelo facto do acolhimento ter decorrido dentro dos moldes previstos, mas pelos laços criados entre todos. Os abraços e as lágrimas na despedida são a prova de que cumprimos a nossa missão!
Inicialmente a tarefa não foi fácil, sobretudo pela barreira linguística e pelo ambiente de guerra experienciado. Contudo, foram precisos poucos dias para as famílias refugiadas perceberem que estavam num lugar seguro e que todos estávamos unidos para as apoiar. Além da equipa da Fundação Allamano, a iniciativa envolveu a comunidade dos Missionários da Consolata, a Câmara Municipal da Maia, a Junta de Freguesia de Águas Santas e a população local. Muitos ajudaram na integração destas famílias através do apoio no acolhimento, facilitando a possibilidade de irem às aulas de português, realizando donativos de todos os géneros, fazendo convites para participarem em festas e passeios e prestando apoio no alojamento futuro. Todo um apoio genuíno e desinteressado que nos encheu o coração! A integração das 17 pessoas decorreu de forma gradual e com muita tranquilidade, sem pressa.
Pouco antes da partida, alguns participaram na preparação da festa dos Missionários da Consolata, incluindo na celebração eucarística. Das quatro famílias acolhidas, duas estão a viver no centro da Maia, integradas com o apoio da autarquia local, e tentam estabilizar as suas vidas e ter um emprego que lhes permita viver condignamente. Outras duas famílias, representadas na fotografia, regressaram à Ucrânia por vontade própria, mesmo sabendo os riscos que estão a correr, à exceção da jovem adulta que ficou a viver em Águas Santas, com um casal amigo.
A Fundação Allamano mantém o contacto regular com as famílias que ficaram em Portugal, apoiando-as com alimentos, produtos de higiene, e mantendo-se disponível para apoiar em tudo o que estiver ao seu alcance. Em relação às pessoas que partiram, sabemos que para já estão bem, mas de forma alguma seguras. Temos mantido o contacto através das redes sociais, e fazemo-nos próximos através de mensagens de força e esperança num futuro de paz. Aproveitamos para reforçar junto dos leitores o pedido que nos fizeram: orações por eles e por todos os que vivem este terror.
Texto: Ana Correia e José Miranda, membros da direção da Fundação Allamano