Konrad Krajewski, cardeal e enviado especial do Papa Francisco à Ucrânia, esteve no início desta semana em Izyum, uma cidade recentemente recuperada pelas forças de Kiev. O responsável esteve junto de valas comuns com centenas de pessoas.
“Ali assistimos a uma ‘celebração’ – podemos dizer – onde 50 jovens, principalmente polícias, bombeiros, soldados vestidos com macacões brancos, cavaram e retiraram das sepulturas, muitas vezes comuns, os corpos dos pobres ucranianos mortos, alguns há três, quatro meses, alguns recém-sepultados. A guerra não conhece misericórdia, também há os mortos. Ver tantos numa área é uma coisa difícil de dizer, de explicar”, referiu.
Cerca de 450 sepulturas foram encontradas nas imediações de Izium, na região libertada pelas tropas ucranianas de Kharkiv na última semana. Depois desta descoberta, a presidência checa da União Europeia defende a criação de um tribunal internacional para crimes de guerra. Entre os corpos exumados, de civis e crianças, eram visíveis sinais de tortura.
O enviado do Papa Francisco deslocou-se também até uma esquadra da polícia, transformada em câmara de tortura. “Sabia que iria encontrar muitos mortos, mas conheci homens que mostraram a beleza, às vezes escondida nos nossos corações. Eles mostravam uma beleza humana no lugar onde só poderia haver vingança”, disse Konrad Krajewski, citado pela agência Ecclesia.