Os efeitos do fundamentalismo religioso, do ódio e da intolerância religiosa marcam presença frequente nos media e nas redes sociais e, ao mesmo tempo, questionam-nos sobre os limites do diálogo inter-religioso, que é essencial para construir uma cultura de paz e fraternidade. Continuam as perseguições a grupos minoritários e a centenas de milhares de pessoas que são obrigadas a abandonar as suas terras para poderem salvar as próprias vidas e para permanecerem fiéis às suas crenças.
O diálogo inter-religioso faz parte da missão da Igreja. Exige uma atitude de compreensão e uma relação de recíproco conhecimento, colocando de lado as diferenças, e caminhando ao encontro do outro. Devemos preparar-nos para saber como lidar e dialogar com pessoas de credos e culturas diferentes. De facto, abertura e respeito mútuo são as condições necessárias para que o diálogo se torne frutífero.
Sem dúvida, a dimensão religiosa é fundamental na identidade e cultura dos povos e marca profundamente a vida de muitas pessoas, e por isso, os líderes religiosos são atores influentes na construção da paz e da harmonia. Infelizmente, ainda existem alguns extremistas que justificam a violência e o ódio em nome da religião. É responsabilidade de todos os líderes religiosos condenarem qualquer discriminação praticada por motivos de raça, condição social ou religião. O povo deve ser educado sobre o verdadeiro sentido da religião que é “o amor a Deus e ao próximo”. Nenhuma religião deve promover a violência.
A declaração “Nostra Aetate”, do concílio Vaticano II sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs, afirma: “Hoje, que o género humano se torna cada vez mais unido, e aumentam as relações entre os vários povos, a Igreja considera mais atentamente qual a sua relação com as religiões não-cristãs. E, na sua função de fomentar a união e a caridade entre os homens e até entre os povos, considera primeiramente tudo aquilo que os homens têm de comum e os leva à convivência”.
Mahatma Gandhi, o pai da independência da Índia e grande promotor da paz e da luta contra as injustiças sociais, disse que o necessário não é uma religião, mas sim o respeito e a tolerância entre os devotos de diferentes religiões. Devemos alcançar não a unidade na morte, mas sim a unidade na diversidade.