A guerra civil na Síria está a caminho dos 12 anos. Atualmente, 90 por cento da população do país vive na pobreza. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera que metade da população na Síria depende de fontes de água inseguras, e estima que 14,6 milhões de cidadãos dependam de ajuda para sobreviver.

Segundo Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Síria, os novos conflitos no mundo, estão a agravar o sofrimento da população. “A situação tornou-se extremamente complicada por causa do conflito na Ucrânia. A Síria, de certa forma, tem sido esquecida. O tratamento dado aos refugiados sírios, infelizmente, não é o mesmo dado aos refugiados ucranianos. Nós não temos nenhuma crítica quanto a isso. Os refugiados precisam de apoio. Os refugiados da Síria já estão há 10 anos fora do país. Precisam de ter apoio. Há muito que as agências podem fazer nesse sentido. Eu cito especialmente, por exemplo, a UNICEF que tem seguido de uma maneira muito próxima a questão das crianças afetadas pela guerra. E agora, essa questão da cólera”, disse o responsável, citado pelos serviços de comunicação das Nações Unidas.

Paulo Sérgio Pinheiro afirma que o acesso à ajuda humanitária continua inadequado e politizado. “As potências e os Estados-membros que estão envolvidos no conflito têm uma responsabilidade em termos de ajudar a terrível situação de dezenas de milhões de deslocados internamente que não moram nas suas próprias casas. A ONU tem feito isso, mas é essencial que isso seja feito como apoio dos Estados-membros. Por que razão não se chega a uma negociação? Porque há cinco exércitos, pode-se dizer, a atuar no país. Então, fazer uma negociação com cinco países é extremamente complicado”, refere. Na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Síria pediu também apoio urgente para pessoas que procuram por familiares desaparecidos.