“Quando morre um idoso, perde-se uma biblioteca”. Esta frase exprime o valor que tem um idoso na sociedade tradicional africana. Os idosos são responsáveis pela transmissão de valores culturais e de conhecimentos aos mais novos. De facto, as aulas de cultura tradicional são transmitidas através de contos, provérbios e lendas que se referem a várias experiências de vida.
Hoje é muito importante sensibilizar a sociedade sobre o envelhecimento e formas de proteger e cuidar dos idosos que são, muitas vezes, esquecidos pela sociedade e pelas famílias. Na atual cultura de descarte e produtividade global, os idosos são vistos como “um peso” e ainda correm o risco de serem considerados inúteis. Muitos idosos passam demasiado tempo sozinhos, isolados dos seus familiares, maltratados e abandonados em lares de terceira idade ou em casas. Alguns vivem com carências económicas, e ainda há aqueles que se aproveitam dos mais velhos para os enganar e intimidar. Impõe-se a necessidade de enfrentar a questão da velhice e criar uma sociedade que promova a igualdade entre gerações.
O Papa Francisco fez todo um percurso de catequeses, procurando a “inspiração na Palavra de Deus sobre o sentido e o valor da velhice”, explicando que “a aliança entre as gerações, que restitui ao humano todas as idades da vida, é a nossa dádiva perdida e devemos recuperá-la”. Sublinhou que “a velhice é um presente para todas as idades da vida. É um dom de maturidade, de sabedoria”.
A população mundial está a envelhecer cada vez mais, com uma crescente diminuição dos nascimentos, particularmente nos países desenvolvidos. Um estudo da Pordata revelou que o índice de envelhecimento tem crescido mais depressa em Portugal. Há atualmente quase duas vezes mais idosos do que jovens e crianças no país. Em 1990, o rácio era de 66 idosos por cada 100 jovens. Hoje é de 182 por cada 100. Estes cálculos são feitos com base na tendência de envelhecimento da população, resultante do aumento da esperança de vida e da diminuição dos níveis de fecundidade.
Concluindo com as palavras de Francisco: “Não esqueçamos que tanto na cultura familiar como na social os idosos são as raízes da árvore: têm toda a história ali, e os jovens são como as flores e os frutos. Se o sumo não vier, se não tiver este ‘soro’ – digamos – das raízes, nunca poderão florescer”.