“Solidariedade não é facultativa, é um dever”, disse Jorge Sampaio, ex-presidente de Portugal e antigo Alto Representante da ONU para o Diálogo das Civilizações, que a propósito afirmou: “nunca seria demais recordar que a solidariedade não é facultativa, mas um dever que resulta do primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos – ‘Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade’”.
A solidariedade é ainda identificada na Declaração do Milénio das Nações Unidas como um dos valores fundamentais para as relações internacionais no século XXI. O documento clarifica que “os problemas mundiais deverão ser enfrentados de modo a que os custos e as responsabilidades sejam distribuídos de forma justa, de acordo com os princípios fundamentais da equidade e da justiça social. Os que sofrem, ou os que beneficiam menos, merecem a ajuda dos que beneficiam mais”.
Um dos desafios do nosso tempo “é reinstalar na consciência do nosso povo esse sentido de solidariedade humana, de estarmos no mundo uns para os outros, e por causa e por meio dos outros”, disse Nelson Mandela, Prémio Nobel da Paz de 1993. As ameaças globais e a situação económica mundial, com o aumento dos níveis de pobreza no mundo e muitas desigualdades, especialmente nas economias mais frágeis, exigem políticas e decisões mais coordenadas a nível nacional e internacional. Todos devemos encontrar novos modos e expressões de solidariedade, para que cada um de nós seja capaz de se mobilizar e praticar alguma ação altruísta, como também reconhecer e colaborar em muitos gestos e iniciativas que, diariamente, são expressão de solidariedade, dentro e fora da Igreja.
Na carta encíclica “Fratelli Tutti”, o Papa Francisco ensina-nos ainda que a palavra solidariedade expressa muito mais do que gestos de generosidade esporádicos. É pensar e agir em termos de comunidade, de prioridade da vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns. “É também lutar contra as causas estruturais da pobreza, a desigualdade, a falta de trabalho, a terra e a casa, a negação dos direitos sociais e laborais. É fazer face aos efeitos destrutivos do império do dinheiro”, escreve Francisco. Que sejamos mais solidários neste período de Natal.