Quase a terminar 2022, a esperança dos portugueses vai-se apagando, tal e qual a chama de uma vela que corre o risco de se apagar perante uma corrente de ar mais forte. Este foi um ano difícil para os portugueses, principalmente porque antecipa a chegada de um ano ainda mais severo do que este. Foi um ano recheado de acontecimentos inusitados. Quando o mundo se preparava para reiniciar uma nova era pós-covid, sem restrições sociais e com novos padrões de comportamento adquiridos por imposição das circunstâncias da pandemia, ávido de recuperar o tempo perdido e as vivências de que foi privado, eis que surge um conflito entre dois Estados que acaba por envolver quase toda a comunidade internacional. Portugal não foi exceção.
Em fevereiro, aconteceu o que mais se receava e a Rússia invadiu, após várias ameaças, o Estado vizinho, a Ucrânia, após ter reconhecido as duas regiões ucranianas controladas por separatistas pró-Rússia, Donetsk e Lugansk, como Estados. A comunidade internacional ficou alvoraçada e imediatamente condenou a invasão russa, acrescentando novas e mais duras sanções à Rússia, que a pouco e pouco têm contribuído para o agravamento da crise financeira na Europa, designadamente no que se refere ao aumento exponencial do preço dos combustíveis e, consequentemente, de todos os bens essenciais.
O aumento da inflação e das taxas de juro são reflexo desta conjuntura internacional, assim como as opções políticas deste governo e do anterior que não formulam respostas que travem o avanço de uma crise anunciada.
Este ano também ficou marcado pelo estudo da Pordata, por altura da evocação do Dia Internacional da Pobreza, que demonstrou sermos o segundo país da Europa com mais pessoas a viver em más condições materiais, dados que reportam ao ano anterior, ainda antes do conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia. Sem os apoios sociais, Portugal regista 4,4 milhões de pessoas pobres, o que equivale a quase metade da nossa população. Para 2023 só podemos pedir a Deus que nos proteja de decisões incautas e sem visão e que ilumine os decisores políticos. Mas acima de tudo, que a solidariedade seja uma constante entre quem pode e quem precisa.