Os cristãos sempre tiveram o desejo de representar, de forma plástica e estética, o nascimento de Jesus, algo visível no presépio, criado por São Francisco de Assis. O Papa Francisco, na carta apostólica “Admirabile
signum”, lembra que o “presépio é como um evangelho vivo que transvaza as páginas das Sagradas Escrituras”. Na mesma carta, o Santo Padre refere que o presépio “manifesta a ternura de Deus”, inclui os “vários mistérios da vida de Jesus”, e, por isso, é “uma grande obra de evangelização” que se mantém “até aos nossos dias como uma forma genuína de repropor, com simplicidade, a beleza da nossa fé”.
De acordo com os relatos evangélicos, Jesus nasceu numa noite em que os pastores estavam nos campos com os seus rebanhos, quando a figura luminosa de um anjo lhes apareceu para anunciar “uma grande alegria” (Lucas 2, 10), ao qual se juntou “uma multidão do exército celeste a louvar a Deus” (Lucas 2, 13). Logo após este momento, os pastores dirigiram-se ao local indicado pelo anjo, onde encontraram Maria, José e o recém-nascido Jesus, deitado numa manjedoura. Por esta mesma ocasião, uns magos do Oriente terão visto uma estrela que anunciava este nascimento. Seguindo essa estrela, puseram-se a caminho para adorar e oferecer dádivas Àquele que tinha nascido (cf. Mateus 2, 1-11).
De que forma pode o relato do nascimento de Jesus e a visita dos magos estar relacionada com a missão? Vejamos: quantas vezes não é a “noite escura” aquilo que envolve as nossas vidas? Quantas vezes não procuramos o sentido da nossa existência? Não são muitas vezes os “anjos” ou as “estrelas” que surgem nas nossas vidas e iluminam e conferem um novo sentido à nossa existência?
Meditarmos nas várias figuras do presépio conduz-nos a um caminho de missão, de entrega em favor do próximo, em favor dos mais necessitados. Os pastores e os magos põem-se a caminho, “iluminados” por uma renovada esperança. Quer os pastores, representando os mais pobres e os mais desfavorecidos, quer os magos, simbolizando aqueles com mais riqueza ou poder, tiveram a capacidade de acolher aquilo que lhes conferiu um novo sentido à sua existência, tornando-se “testemunhas do essencial”, de um “encontro de amor e grata admiração”. As figuras de Maria e José fazem-nos lembrar as atitudes de simplicidade, proteção paternal e fraternal aos mais fragilizados e àqueles que necessitam de um cuidado especial. Neste Natal, tenhamos a capacidade de contemplar o presépio e meditar. À medida que o construímos, vamos tendo presente aquilo que cada elemento nos sugere e como o seu exemplo pode ser, para nós, uma indicação para modificar a vida do nosso próximo.
Texto: Paulo Jorge Barroso