O Papa Francisco encontrou-se com vítimas de violência no leste da República Democrática do Congo (RDC), nesta quarta-feira, 1 de fevereiro. “As pessoas são violadas e assassinadas, enquanto os negócios que provocam violências e mortes continuam a prosperar (…) Fica-se chocado. E não há palavras. Resta-nos apenas chorar, permanecendo em silêncio”, disse o Santo Padre, na Nunciatura Apostólica (embaixada da Santa Sé) de Kinshasa.
“Bunia, Beni-Butembo, Goma, Masisi, Rutshuru, Bukavu, Uvira… são lugares que os meios de comunicação internacionais quase nunca mencionam. Lá e noutros lugares, tantos irmãos e irmãs nossos, filhos da mesma humanidade, são reféns da arbitrariedade do mais forte, de quem tem na mão as armas mais potentes, armas que continuam a circular”, referiu o Sumo Pontífice, citado pela agência Ecclesia.
“Condeno as violências das armas, os massacres, as violações, a destruição e ocupação de aldeias, a pilhagem de campos e de gado que continuam a ser perpetrados na República Democrática do Congo”, sublinhou o Papa, que ouviu um adolescente que perdeu o irmão, viu o pai ser morto e não voltou a ter notícias da sua mãe sequestrada. Além dos testemunhos, foi apresentado um vídeo com relatos de violações, canibalismo forçado, escravatura sexual e outros atos de enorme barbaridade.
“Dirijo um sentido apelo a todas as pessoas, a todas as entidades, internas e externas, que movem os cordelinhos da guerra na República Democrática do Congo, saqueando-a, flagelando-a e desestabilizando-a: basta! Basta de enriquecer com a pele dos mais frágeis, basta de enriquecer com recursos e dinheiro manchados de sangue”, disse.
Algumas das vítimas quiseram proceder a um gesto de reconciliação com os seus agressores, depondo, de forma simbólica, instrumentos da violência que sofreram. “Esta é profecia cristã: responder ao mal com o bem, ao ódio com o amor, à divisão com a reconciliação. A fé traz consigo uma nova ideia de justiça, que não se contenta com punir, mas renuncia à vingança, quer reconciliar, impedir novos conflitos, extinguir o ódio, perdoar”, apelou Francisco.