Como sobreviveremos às guerras, pandemias e a um sistema económico e ambiental em crise? Leonardo Becchetti, o autor do livro ‘La Rivoluzione della Cittadinanza Attiva’ (A Revolução da Cidadania Ativa, em português), afirma que estamos nas vésperas de uma mudança. Uma revolução suave estimulada pelos eventos traumáticos que abalam o nosso mundo, mostra que as intervenções de cima para baixo não são suficientes para mudar as coisas. Precisamos de uma mobilização cívica, realizada através dos instrumentos de economia civil, do consumo crítico e da poupança responsável.
O professor de economia política da Universidade de Roma Tor Vergata e colunista dos jornais italianos ‘Il Sole 24 Ore’ e ‘Avvenire’ apresenta as características dessa revolução e afirma que a crise causada pela pandemia pode representar uma oportunidade inesperada para repensar a economia global. Chegou o momento de refletir sobre o caminho de reforma e repensar a nossa economia à luz da relação entre instituições, livre mercado, empresas responsáveis e cidadania ativa.
A pandemia, as guerras, as alterações climáticas e a crise económica que provocaram um forte aumento do custo de vida ensinam-nos que a chave para resolver os problemas são os nossos comportamentos. As nossas atitudes responsáveis, escolhas e estilos de vida podem mudar completamente o mundo. É possível fazer uma revolução não violenta para mudar os paradigmas do mundo. Por isso, todos devemos seguir o caminho da cidadania ativa. Esse percurso é o caminho da fraternidade e solidariedade, que também é a base da prosperidade económica e social.
Só sobreviveremos se construirmos ou reforçarmos as relações humanas e recuperarmos o sentido da fraternidade. Todos precisamos uns dos outros, e “ninguém pode salvar-se sozinho”, como disse o Papa Francisco. Muitos dos desafios que encaramos exigem medidas políticas apropriadas, a nível nacional e internacional para evitar resultados ainda piores e melhorar as perspetivas económicas.
O economista italiano Leonardo Becchetti lembra que “a vida é um desporto de equipa em que podemos ser o Messi ou o Cristiano Ronaldo, mas se entrarmos em campo sozinhos, já perdemos o jogo. Na vida, é preciso sempre saber formar as equipas e, portanto, o ‘saber com’ é tão importante ou mais que o ‘saber como’”. As várias dimensões sociais, culturais, políticas, económicas e ambientais influenciam-se mutuamente.