Cerca de 300 de católicos e instituições ligadas à Igreja enviaram uma carta aos bispos portugueses, para pedir medidas para dar resposta aos casos de abusos sexuais de menores. A carta propõe a “suspensão com caráter preventivo sempre que haja indícios minimamente credíveis sobre abusos” por elementos da Igreja, e sugere que as comissões diocesanas de proteção de menores se centrem na prevenção e na formação.
A carta apela à criação de “mecanismos que viabilizem apoio e ajuda psicológica e psiquiátrica às vítimas” e de uma nova “comissão independente”. No texto citado pela agência Ecclesia, pede-se ainda “um mecanismo para pedir perdão às vítimas de acordo com as suas necessidades, e realizado um momento solene e coletivo que simbolicamente projete publicamente esse pedido de perdão”, algo que já foi assumido por José Ornelas de Carvalho, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Os subscritores da missiva pedem para que seja criado um “manual de boas práticas que ajude os agentes pastorais a prevenir situações de risco e a identificar indícios de casos de abusos, bem como a acolher e encaminhar vítimas”. O documento sugere ainda o estudo do relatório da Comissão Independente entre os agentes de pastoral, “prevenindo a tentação negacionista ou de relativização do fenómeno criminal”.
No passado dia 13 de fevereiro, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, apresentou um relatório que validou 512 testemunhos, apontando para um número de 4815 vítimas, entre 1950 e 2022. Para José Ornelas, bispo na diocese de Leiria-Fátima, o relatório é “uma ferida aberta”. “Pedimos perdão a todas as vítimas: às que deram corajosamente o seu testemunho, calado durante tantos anos, e às que ainda convivem com a sua dor no íntimo do coração, sem a partilharem com ninguém”, disse.