A nação é uma das poucas monarquias que subsistem em África. Com cerca de um milhão e 400 mil habitantes, este país vive essencialmente da agropecuária. Um dos dramas que esta nação vive é o da Sida, com cerca de 30 por cento da população infetada com este vírus, mas não é este o único flagelo. No final do passado mês de outubro, dois agentes da polícia foram assassinados. Neste contexto, José Luís Ponce de León, missionário da Consolata argentino, e bispo de Manzini, em Essuatíni, afirmou – “Uma sociedade que aceita este nível de violência está condenada a experimentar níveis ainda maiores, que podem gerar mais morte e sofrimento”. Desde então, verificaram-se outros homicídios. Para o prelado, parece que o país aceitou esta situação como “normal”.
No final do passado mês de janeiro, a morte de Thulani Maseko, um ativista e advogado dos direitos humanos, brutalmente assassinado, causou instabilidade social no país. “Olhando para tudo o que está a acontecer no país, constatamos que ninguém se pode sentir seguro. A mentalidade do ‘olho por olho, dente por dente’ parece ter-se apoderado da nação. A violência atingiu níveis alarmantes”, disse em vida o ativista.
Ponce de León recorda Thulani Maseko. “O número de declarações nacionais e internacionais sobre o assassinato e o tipo de cobertura mediática dizem bem do tipo de pessoa que era, bem como da importância do seu papel no momento atual do nosso país. Estava preocupado com os níveis de violência que estamos a experimentar e com o impacto que esta tem na vida de muitos. Thulani Maseko acreditava que só o diálogo nacional que incluísse todos poderia ser a base sólida para o futuro do nosso país. Escreveu ele: ‘Não há dúvida de que o nosso povo está a viver uma guerra civil de baixo nível. Porém, sem o diálogo, o próximo ano será ainda mais violento. Devemos todos sentar-nos e decidir, juntos, o destino do nosso país’”.
Aos que escolhem a violência, a morte e a exclusão como alicerces do futuro da nação, Ponce de León diz-lhes que se podem aplicar as palavras do Senhor: “Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, isso está escondido aos teus olhos” (Lc 19:41-42). Para o bispo, responder à morte do ativista com a violência significa ir contra o que ele representa.
No contexto deste ponto crítico em que se encontra o país, o bispo convidou cada pessoa da sua diocese de Manzini a rezar quotidianamente pela paz, e a assumir gestos concretos pacificadores, a fim de se tornarem operadores da paz, tornando-a possível, sem desculpas de que o tempo não é oportuno ou que não é possível resistir à tentação da violência. “As nossas palavras e ações têm o poder de construir ou destruir. Como tal, não devemos nunca ignorar este seu poder”, sublinhou o bispo.
Presença de consolação
Em 2013, José Luis Ponce de León, que trabalhava há vários anos na África do Sul, foi eleito bispo de Manzini, a única diocese do reino de Essuatíni. Esta nomeação contribuiu para que os Missionários da Consolata, presentes na África do Sul há mais de 50 anos, dessem início a uma nova presença missionária neste reino.
O serviço pastoral numa das paróquias da diocese, na cidade de Kwaluseni, começou oficialmente em 2017, e é dedicado ao acompanhamento dos católicos, ao diálogo inter-religioso e à promoção humana.
Texto: Álvaro Pacheco