Nos últimos anos, os fluxos migratórios na Europa, nomeadamente em Portugal, têm aumentado substancialmente, tendo obrigado a um grande exercício de adaptação, compreensão e valorização do outro e dos seus saberes. Se para muitos o entendimento é o de que somos “invadidos”, para outros, somos os “escolhidos”!
Efetivamente, são múltiplas e distintas as perspetivas sobre a migração. Contudo, há questões que são incontáveis, sendo que a do valor humano é, indiscutivelmente, a de maior importância. O respeito e a solidariedade pelo outro, pelas suas diferenças culturais, religiosas e políticas, é a ‘chave’ para uma integração bem-sucedida.
Numa perspetiva de maior aprofundamento, podemos concluir que Portugal precisa dos migrantes! Num país fragilizado pela baixa taxa de natalidade, pela parca mão de obra, onde aumenta cada vez mais o número de idosos, é vital essa injeção de jovialidade, sangue novo, com vontade e ânsia de um recomeço, de um novo amanhã. E os migrantes precisam de nós! De um povo hospitaleiro que os receba e trate com respeito e tolerância pelas suas diferenças, que proporcione o acesso ao emprego, saúde, educação, que trate as mulheres de forma igual e as crianças com a bondade que o seu crescimento merece.
Temos tudo para uma parelha perfeita. É só aceitar as diferenças e crescermos juntos… Basta pensar que os países mais desenvolvidos são aqueles que mais fluxos migratórios sofreram, e que dessa mescla de saberes e tradições souberam fundir o que de melhor cada povo e cultura levou para enriquecer o país. A adaptação aos novos tempos não é automática e a aceitação de que a chegada de novos povos constitui uma mais-valia para o crescimento e valorização talvez ainda seja incompreensível aos olhos de muitos, mas acredito que o tempo se encarregará de tornar isso numa realidade!
É necessário tempo, pois, não obstante os argumentos válidos que possamos usar, todos ganhamos. Ninguém perde rigorosamente nada. Os costumes e tradições vão-se manter, pois isso é o ADN de cada país. Reflito o seguinte – O mundo é de todos. No entanto, cada país detém uma ‘chave’. Mas que importa sermos os proprietários de algo grandioso se estamos sozinhos e não podemos dividir essa felicidade com os demais? Que importa ser detentor de algo se não o partilhamos?