No decurso do modelo de duplas celebrações do 10 de junho, em Portugal e no estrangeiro, iniciado pelo atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, as comemorações oficiais externas realizaram-se junto da comunidade portuguesa na África do Sul.
Adiadas há três anos devido à pandemia de covid-19, as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas passaram pela dinamização de encontros e iniciativas das mais altas figuras do Estado Português, mormente o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, com emigrantes e lusodescendentes na Cidade do Cabo, Joanesburgo e Pretória.
As comemorações do Dia de Portugal na África do Sul, tiveram desde logo o condão de destacar o papel e a importância da numerosa comunidade portuguesa que vive e trabalha no país mais meridional do continente africano. Segundo a Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas, estima-se que atualmente a comunidade portuguesa e de lusodescendentes na África do Sul, ronde o meio milhão de pessoas, na sua maioria com raízes madeirenses e estabelecida em Joanesburgo, a maior cidade sul-africana.
Ainda que como revele o investigador Paulo Bessa, na obra ‘A Comunidade Lusíada em Joanesburgo’, a presença portuguesa na Nação Arco-Íris remonte “aos Descobrimentos, existindo contactos há mais de meio milénio, materializados nas viagens transoceânicas e na proximidade das colónias lusas”, o primeiro grande momento da emigração lusa, particularmente madeirense, para a África do Sul iniciou-se durante a década de 1940, durante a II Guerra Mundial, devido ao acentuar de privações geradas pelo conflito militar.
Foi neste contexto, que os pioneiros madeirenses se instalaram no alvorecer da segunda metade do século XX na África do Sul, passando a dedicarem-se à agricultura, em grandes quintas, e ao comércio, abrindo, mais tarde, lojas para venda dos produtos cultivados e supermercados. Sendo que, o segundo grande momento de emigração lusa para a África do Sul, ocorreu no início do quarto quartel do século XX, com a independência das antigas colónias portuguesas de Angola e Moçambique, período em que a África do Sul se tornou o principal destino dos portugueses em África.
As comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que este ano tiveram início na África do Sul, e internamente estenderam-se à cidade de Peso da Régua, no Douro, foram um momento simbólico de valorização da língua e cultura lusa no continente africano, elos antigos, atuais e vindouros da ligação umbilical portuguesa a África.