Passamos as nossas vidas ligados aos telemóveis e dificilmente conseguimos desligar. Muitas vezes estamos sentados à mesa, em família, ou nos espaços públicos, e cada um está agarrado ao seu telemóvel a ver vídeos ou a comunicar com outras pessoas. Às vezes contactamos com as pessoas distantes, que nunca teríamos encontrado sem os novos instrumentos, e, por outro lado, perdemos contacto com os que estão perto. Exageramos ou não? Esta é uma síndrome da hiperconectividade.
“À força de estarmos conectados, numa disponibilidade indistinta e sem horário, acabamos por nos desconectar das pessoas a quem mais queremos. O resultado é este: ficamos mais próximos dos desconhecidos e mais desconhecidos dos que nos são próximos”, escreveu Tolentino Mendonça, no seu livro “O pequeno Caminho das Grandes Perguntas”.
Muitos pais lutam todos os dias para tentar reduzir o número de horas que os filhos passam agarrados aos telemóveis. Há poucos dias, encontrei-me com uma senhora que se lamentava que os seus filhos, ainda crianças, viviam em solidão porque não largavam os seus telemóveis e computadores. Infelizmente, são maus hábitos que às vezes os adultos transmitem às crianças. Quando alguns pais querem tranquilizar os filhos, dão-lhes telemóveis ou tablets com infinitas variedades de jogos e programas. Claro que este é um risco. Depois, as crianças e jovens têm problemas para regressar às suas vidas reais e retomar as atividades normais. Às vezes não se conseguem concentrar nos estudos ou criar os contactos positivos com as suas próprias realidades.
Todos temos que (re)pensar a nossa maneira de habitar o mundo da tecnologia. Os pais e educadores devem procurar a melhor maneira para usar os meios digitais que também são úteis para educar e dialogar com os jovens. É necessário saber quando ligar e desligar, quando e como conectar e desconectar. Deve haver algum equilíbrio. “In medio stat virtus” ou seja, no meio está a virtude.
Estaremos a usar bem os nossos smartphones ou estamos a tornar-nos escravos deles? Usamo-los para construir ou para destruir? As novas tecnologias de comunicação são bons instrumentos se usados com maturidade. Os instrumentos digitais podem servir para educar, evangelizar e para promover o bem da sociedade, mas também podem ser utilizados para semear o ódio e a violência.