A viagem de Francisco à Mongólia inicia esta quinta-feira, 31 de agosto, e estende-se até à próxima segunda-feira, dia 4. Esta é a primeira visita de um Papa àquela nação. A deslocação do Sumo Pontífice a esta pequena mas vigorosa Igreja surge como resposta ao convite do ex-presidente do país e das autoridades eclesiásticas, onde a Igreja Católica renasceu há cerca de 30 anos, após ter perdido todos os vestígios que nela existiam durante o primeiro milénio.
Durante a sua deslocação à Mongólia, o Papa vai inaugurar a Casa da Misericórdia, que estará ao serviço dos mais frágeis. Segundo o portal de informação da Santa Sé, o projeto da Casa da Misericórdia nasceu por iniciativa dos responsáveis da Igreja local, apoiados pela direção nacional das Obras Missionárias Pontifícias da Austrália. O projeto teve início em 2019. Com a ajuda de missionários, o cardeal Giorgio Marengo teve o desejo de abrir um centro social destinado a curar e a assistir mulheres e menores vítimas de violência doméstica.
Aproveitando um complexo escolar abandonado, que no passado pertenceu às Irmãs de São Paulo de Chartres, no distrito urbano de Bayangol, a estrutura é composta por três andares e uma cave. O espaço será também um posto de primeiros socorros para os sem-abrigo, o que assume especial importância, uma vez que esta população não se encontra registada no sistema nacional de saúde e, como tal, não tem acesso a apoio médico.
Os responsáveis da Casa da Misericórdia e os seus voluntários terão também como missão promover o contacto entre os sem-abrigo e seus familiares, para acelerar processos de reconciliação. O centro poderá funcionar ainda como refúgio temporário para migrantes. Os funcionários da Casa da Misericórdia vão trabalhar em coordenação com a polícia local, assistentes sociais e estruturas sanitárias. Recentemente, uma delegação das Obras Missionárias Pontifícias da Austrália visitou Ulaanbaatar, a capital mongol, e preparou um relatório que irá ajudar a perceber como os serviços oferecidos pela instituição vão poder responder a emergências que afligem a vida das pessoas.
O distrito de Bayangol, um dos nove da capital, encontra-se na parte central da cidade e tem uma população com mais de 150 mil habitantes. O seu contexto é variado, com modos de vida tradicionais a conviver com a modernização urbana. É também a este distrito que chegam muitos dos migrantes provenientes de zonas rurais mongóis, atraídos pelas oportunidades da cidade. É ainda notória a mistura de edifícios e condomínios de luxo com as tradicionais tendas mongóis. Tal como noutros distritos, também em Bayangol o fosso entre ricos e pobres cresce cada vez mais.
Apesar de uma significativa melhoria no sistema de saúde, os problemas ligados aos recursos e mão-de-obra
qualificada são ainda muitos. Nos bairros centrais, a população sem-abrigo é de cerca sete mil. Em 2021, a taxa de pobreza em Ulaanbaatar era de 27,4 por cento, com uma taxa de desemprego de 9,6 por cento. É neste contexto que a Casa da Misericórdia, que espera a visita e a bênção do Papa Francisco, se apresenta como um ‘oásis’ de esperança para muitos dos mongóis mais fragilizados.
Texto: Álvaro Pacheco