Os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres, cada vez mais pobres. Apesar do contínuo desenvolvimento tecnológico e económico, as desigualdades na distribuição da riqueza continuam a intensificar-se. As guerras, a instabilidade política e as alterações climáticas têm provocado um forte aumento do custo de vida.
Como sabemos, todos somos afetados pela crise climática. No entanto, são as populações mais pobres que sofrem mais com os danos das catástrofes naturais. Os impactos ambientais são bastante mais notórios nos países em desenvolvimento, com a crescente perturbação nos setores da agricultura, pastorícia e pesca.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de dez por cento da população mundial vive com severas dificuldades para ter acesso a recursos básicos de saúde, educação, água e saneamento. As desigualdades aumentam especialmente na África subsaariana e na Ásia meridional, mas o problema difunde-se por todo o mundo. Muitas economias têm sofrido com perdas de postos de trabalho, milhões vivem em alojamentos com más condições e ainda correm maior risco de exclusão social.
A pobreza é um flagelo que compromete o desenvolvimento dos povos e só é possível erradicar com o contributo de todos. É necessário tomar medidas decisivas e eficazes, adotando boas políticas sociais e económicas que permitam eliminar ou reduzir drasticamente a situação de pobreza. Os nossos comportamentos, atitudes e estilos de vida são importantes nesta luta. Todos devemos seguir o caminho da cidadania ativa, da fraternidade e solidariedade, que também é a base da prosperidade económica e social.
O princípio do bem comum desafia-nos a cultivar a solidariedade. “O bem comum empenha todos os membros da sociedade: ninguém está escusado de colaborar, de acordo com as próprias possibilidades, na sua busca e no seu desenvolvimento”, refere a Doutrina Social da Igreja.
O cardeal Walter Kasper também nos recorda que a verdadeira atitude do cristão não é o pauperismo, mas a cooperação “com” e “para” os pobres e a opção de construir um modelo de desenvolvimento que tenha em conta as exigências dos mais desfavorecidos, e não daqueles que detêm o poder económico e financeiro. O mundo é interdependente e os problemas ambientais, conflitos e instabilidades políticas exigem respostas globais, a serem procuradas com paciência e diálogo.