Visitar a Mongólia foi motivo de grande emoção para o Papa Francisco, e também para todas as pessoas que conseguiram ver, escutar a aproximar-se do Santo Padre, durante os dias em que a viagem apostólica decorreu. A comunidade católica daquele país asiático é apresentada pela Santa Sé como a “mais jovem” do mundo e conta com cerca de 1.500 membros, representando 0,04 por cento da população mongol. Durante a viagem, que decorreu nos primeiros dias do passado mês de setembro, o Papa apelou à coragem para superar o medo de se ser pequeno. “Deus ama a pequenez e gosta de realizar grandes coisas mediante a pequenez”, realçou Francisco, o primeiro Papa a visitar aquele país.
“Andamos à procura de orientação”
Na sua visita, o Santo Padre apresentou a fé cristã como resposta para a “sede” de felicidade. “Trazemos dentro de nós uma sede inextinguível de felicidade. Andamos à procura de significado e orientação para a nossa vida, de motivação para as atividades que realizamos cada dia. Queridos irmãos e irmãs, a fé cristã é resposta a esta sede”, referiu o Papa na homilia de uma celebração que reuniu cerca de duas mil pessoas na Arena Estepe, em Ulaanbaatar, capital da Mongólia. A celebração contou com a participação de católicos de diversos países, como a China, Filipinas, Vietname e Camarões.
“Somos peregrinos à procura da felicidade”
Durante a sua viagem, Francisco falou da Mongólia como um “território imenso, rico de história e cultura”, onde todos são “nómadas de Deus, peregrinos à procura da felicidade”. O Papa procurou alertar os fiéis para diferentes modos de estar na vida. “Se pensamos que o sucesso, o poder, as coisas materiais são suficientes para saciar a sede das nossas vidas, esta é uma mentalidade mundana, que não leva a nada de bom, pelo contrário deixa-nos mais áridos do que antes”, disse, procurando depois mostrar que a felicidade está na entrega aos outros.
“No coração do cristianismo, temos esta notícia impressionante e extraordinária: quando perdes a tua vida, quando a ofereces generosamente, quando a pões em risco comprometendo-a no amor, quando fazes dela um dom gratuito para os outros, então a vida volta para ti em abundância, derrama dentro de ti uma alegria que não passa, uma paz do coração, uma força interior que te sustenta”, realçou.
Onde há “hospitalidade respira-se o odor de Cristo”
A visita apostólica terminou com a inauguração da Casa da Misericórdia, onde Francisco foi recebido pelos trabalhadores de um centro de acolhimento para pessoas em vulnerabilidade, na capital da Mongólia. Onde há “acolhimento, hospitalidade e abertura ao outro, respira-se o bom odor de Cristo”, disse nessa ocasião o Sumo Pontífice, que elogiou a opção de construir um país “sem armas nucleares”, sem pena de morte, e com exemplos de “políticas de ecologia responsável”.
“Um país fascinante”
Giorgio Marengo, cardeal, missionário da Consolata e prefeito apostólico de Ulaanbaatar, encontra-se
naquele país asiático desde 2003, e destaca algumas características daquele Estado. “A Mongólia é um país extremamente fascinante, rico em história e em valores humanos e espirituais. Este é um país muito grande, caracterizado por um clima continental com extremos fortes – invernos longos e polares, verões curtos e quentes nas zonas desérticas de Gobi – e com uma população minúscula de apenas 3,3 milhões de habitantes. A língua nacional hoje em dia é o mongol, pertencente ao grupo linguístico Uralo-Altaico. A posição geográfica da Mongólia, aninhada entre a Federação Russa e a República Popular da China, faz do país uma nação com um delicado papel estratégico e político. A religião dominante é o budismo de origem tibetana, flanqueado pelo xamanismo e pelo islamismo, com uma pequena presença cristã”. A deslocação à Mongólia tornou-se na 43ª viagem apostólica internacional do pontificado do Papa Francisco, e decorreu com o lema “Esperar juntos”, de 31 de agosto a 4 de setembro.