“Ao entardecer, vós dizeis: ‘Vamos ter bom tempo, pois o céu está avermelhado’; e, de manhã cedo, dizeis: ‘Hoje temos tempestade, pois o céu está de um vermelho sombrio’. Como se vê, sabeis interpretar o aspeto do céu; mas, quanto aos sinais dos tempos, não sois capazes de os interpretar!” (Mt. 16,2-3)
A leitura dos ‘sinais dos tempos’ constituiu um dos maiores desafios pastorais do Concílio Vaticano II, e definiu a maneira de conceber a presença da Igreja no mundo atual – uma Igreja ‘ligada ao género humano e à sua história’. Esta leitura não pode ser, apenas, uma questão de moda. É um desafio permanente. Por isso, o texto conciliar diz: “para levar a cabo esta missão, é dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho; para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas”. Acrescenta ainda, que “é necessário conhecer e compreender o mundo em que vivemos, as suas esperanças e aspirações, e o seu carácter tantas vezes dramático”.
Os acontecimentos de hoje e o caminho sinodal que a Igreja está a percorrer exigem a nossa atenção. Temos um papel decisivo neste processo de renovação. Devemos redescobrir o sentido da comunhão, participação e missão. João Paulo II, na sua primeira encíclica “Redemptor Hominis” (O Redentor do homem, em português), desafiou a Igreja a fazer, de modo radical, a opção pelo homem, porque só assim ela confirmaria a sua opção por Jesus Cristo. A Igreja deve adotar uma atitude dialogante perante a sociedade, ter uma paixão pela humanidade, defender veementemente a dignidade humana e ser promotora dos caminhos da justiça e da paz.
Tomáš Halík, no seu livro ‘A tarde do cristianismo – O tempo da transformação’, usa o arco de um dia – manhã, meio-dia, tarde – para falar das mudanças do cristianismo ao longo dos seus dois mil anos, e propõe a ideia da Igreja como “uma comunidade de escuta e compreensão”. Segundo o teólogo checo, para que a Igreja Católica seja verdadeiramente católica, deve completar a transformação que começou no Concílio Vaticano II: a mudança do catolicismo para a catolicidade. A Igreja precisa de reinventar e desenvolver mais plenamente a sua catolicidade e a universalidade da sua missão e esforçar-se por ser, verdadeiramente, “tudo para todos”.
Bernard Obiero