Alexandra Afonso viveu no Bairro do Zambujal dos 18 aos 29 anos, idade em que mudou para Massamá. Antes disso viveu na Zona Jota, em Chelas. Compara os dois bairros, dizendo que têm muitas parecenças. Alexandra tem agora 47 anos, dois filhos e é veterinária.
De que forma é que o projeto ‘Zambujal 360’ está a trazer melhorias ao bairro?
O projeto está a transformar a beleza do bairro em arte. A arte está a ‘falar’ e a desconstruir a imagem de um bairro perigoso. Está a passar a haver beleza nas paredes e há orgulho entre quem ali vive. O projeto está
a trazer uma boa visibilidade ao bairro e há de trazer muitas mais boas coisas, pois ainda estamos
só no início.
O que é que o bairro tem de tão especial?
Vou ao bairro com bastante frequência porque tenho família que continua a viver lá. Durante o tempo em que vivi no Bairro do Zambujal, comecei a participar no grupo de jovens e a dar catequese, atividades onde eu gosto muito de estar envolvida. Quando vou ao bairro sinto-me sempre em casa e sinto que continuo a fazer parte da família do Zambujal. Gosto das pessoas que sempre me acolheram bem e com muito carinho.
Quais os maiores problemas no bairro e onde nota uma melhoria significativa?
Há uns anos os transportes públicos não entravam dentro do bairro, apenas passavam perto. Hoje em dia já existem muitos autocarros que atravessam o bairro, o que significa que a segurança dentro do bairro também foi crescendo. O bairro tem prédios muito degradados, porque quem lá vive não toma bem conta dos edifícios, mas também porque as instituições responsáveis pela reparação dos prédios não fazem o seu serviço. Penso que isto também acontece porque há pessoas que não têm respeito por viver em comunidade ou em conjunto com outras pessoas. Juntando isso à falta de reparação por parte das instituições, as condições tendem a piorar. Cada vez há mais serviços, o que traz boa visibilidade ao bairro, empregos e outras pessoas que vivem fora do bairro, o que ajuda a desconstruir a imagem de um bairro perigoso.
Texto: Mário Linhares