A aventura missionária africana de José Ponce de León, missionário da Consolata argentino e atual bispo em Essuatíni, teve início na África do Sul, em 1994. Tinha pouco mais de 30 anos quando lá chegou e, após trabalhar em várias paróquias da Consolata, foi nomeado superior regional entre 1999 e 2004. Em 2006, foi para Roma onde trabalhou como secretário-geral da Consolata e procurador na Santa Sé. Graças a estas funções em Roma e à sua experiência na África do Sul, foi nomeado vigário apostólico de Ingwavuma em novembro de 2008, um vicariato sul-africano que estava há três anos sem bispo.
Ponce de León foi ordenado bispo a 18 de abril de 2009, começando o seu episcopado precisamente em Ingwavuma. Porém, Deus tinha preparado algo mais para ele: dado que o bispo de Essuatíni faleceu aos 67 anos, e estando as duas dioceses muito próximas uma da outra, em Roma decidiram que o missionário argentino tomasse conta das duas, apesar de serem em países diferentes. Um elemento que facilitou esta situação foi o facto de o bispo dominar bem a língua zulu, usada na África do Sul, e que é muito parecida com a língua swazi, falada em Essuatíni. Porém, convém esclarecer que a África do Sul e Essuatíni não são o mesmo país: felizmente, a história de violência e apartheid que marcou tristemente a história da África do Sul não aconteceu em Essuatíni.
Em janeiro de 2014, José Ponce de León assumiu então a direção da única diocese de Essuatíni, um pequeno país, situado entre a África do Sul e Moçambique. Ponce de León passou a tomar conta exclusivamente da diocese de Manzini, constituída por 17 paróquias e 120 comunidades, mais pequenas e bem organizadas. No início da sua atividade em Essuatíni, o bispo argentino celebrava a eucaristia dominical nas igrejas paroquiais sem aviso prévio. Esta atitude foi sempre bem-recebida entre os seus sacerdotes, bem como entre os paroquianos que ficaram positivamente surpreendidos com esta sua atitude de proximidade.
Apesar de ser o único bispo do país, Ponce de León não se sente só, porque participa ativamente na Conferência Episcopal, constituída pelos bispos de três países: África do Sul, Essuatíni e Botswana. Mais ainda: é membro do Conselho das Igrejas Cristãs, que reúne 13 Igrejas que operam no país, as quais, por exemplo, se uniram no apoio às vítimas do apartheid na África do Sul e aos refugiados de Moçambique, que escaparam para Essuatíni durante a guerra civil, bem como no apoio ao próprio país, aquando dos confrontos internos de 2021.
Entretanto, Ponce de León achou por bem e até mesmo imperativo chamar os Missionários da Consolata para trabalhar em Essuatíni. Em 2017, escreveu uma carta ao Capítulo Geral do Instituto Missionário da Consolata, reconhecendo o serviço carismático e o estilo característico dos Missionários da Consolata que, um ano antes, tinham chegado à sua diocese. Sim, a comunidade da África do Sul tinha já pensado em enviar missionários para a diocese de Manzini, os quais atuam segundo o estilo consolatino, sempre próximos das pessoas. De facto, depois de chegarem, começaram a visitar as famílias da paróquia que Ponce de León lhes tinha confiado: as pessoas não estavam habituadas a ver os sacerdotes em suas casas, e afeiçoaram-se imediatamente a eles.
Quanto aos desafios que a diocese tem por diante, Ponce de León salienta os ensinamentos que se devem tirar da experiência da pandemia da covid-19. Apesar das igrejas não se terem esvaziado, a vida paroquial ainda funciona muito em volta do sacerdote/pároco. Nos próximos anos haverá novas ordenações, mas nenhum jovem entrou no seminário nos últimos quatro anos. “O Papa Francisco quer-nos mais sinodais, com mais participação ativa de todos e este é um desafio que não podemos ignorar”, diz Ponce de León.
Texto: Álvaro Pacheco