Calcula-se que cerca de nove mil mulheres foram mortas por forças israelitas desde o início da guerra na Faixa de Gaza, há quase cinco meses, refere a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Género e a Capacitação das Mulheres (ONU Mulheres), que acredita que, sem o fim da violência, cerca de 63 mulheres poderão ser mortas a cada dia.
Dados da agência das Nações Unidas indicam que 37 mães morrem diariamente. Ainda na última quinta-feira, 29 de fevereiro, mais de 100 palestinianos foram mortos e centenas ficaram feridos na Faixa de Gaza, quando soldados israelitas abriram fogo sobre uma multidão que aguardava por ajuda humanitária.
Guerra causa fome severa
Nos últimos dias de fevereiro, morreu na Faixa de Gaza a décima criança vítima de fome, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). “Os números não oficiais podem, infelizmente, ser mais altos”, lamentou Christian Lindmeier, porta-voz da agência. A morte dos mais novos na Faixa de Gaza levou Adele Khodr, diretora regional da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) para o Médio Oriente e Norte de África, a emitir uma declaração sobre o tema. “Estas mortes trágicas e horríveis são causadas pelo homem, previsíveis e totalmente evitáveis. A falta generalizada de alimentos nutritivos, de água potável e de serviços médicos, uma consequência direta dos impedimentos ao acesso e dos múltiplos perigos que as operações humanitárias da ONU enfrentam, está a afetar crianças e mães, dificultando a sua capacidade de amamentar os seus bebés, especialmente no Norte da Faixa de Gaza. As pessoas estão famintas, exaustas e traumatizadas. Muitos estão agarrados à vida.”
Adele Khodr apela à criação de vias seguras para a distribuição de bens. “As agências de ajuda humanitária como a Unicef devem ser capacitadas para inverter a crise humanitária, prevenir a fome e salvar vidas de crianças. Para isso, precisamos de múltiplos pontos de entrada fiáveis que nos permitam trazer ajuda de todas as passagens possíveis, incluindo o norte de Gaza, e garantias de segurança e passagem desimpedida para distribuir ajuda, em grande escala, em toda a Gaza, sem recusas, atrasos e impedimentos de acesso.”
A responsável refere que as temíveis mortes de crianças estão a acontecer e “provavelmente aumentarão rapidamente, a menos que a guerra termine e os obstáculos à ajuda humanitária sejam imediatamente resolvidos”. Adele Khodr pede ainda medidas para que seja possível apoiar os que sofrem. “A sensação de impotência e desespero entre pais e médicos ao perceberem que a ajuda vital, a apenas alguns quilómetros de distância, está a ser mantida fora do alcance, deve ser igualmente insuportável, mas pior ainda são os gritos angustiados daqueles bebés que perecem lentamente perante o olhar do mundo. As vidas de milhares de bebés e crianças dependem de medidas urgentes que sejam tomadas agora.”