Até ao momento, está já garantida a participação de crianças provenientes de sessenta países, incluindo muitos daqueles que são atualmente assolados por violentos conflitos, como a Ucrânia, o Afeganistão, a República Democrática do Congo, a Etiópia, a Eritreia e a Síria. Estão também já inscritas uma delegação de crianças oriundas da região de Cabo Delgado (Moçambique), e outra da Terra Santa.
“Ao instituir esta Jornada, o Papa foi profético”, sublinha o padre Fortunato em declarações ao Vatican News, visivelmente impressionado com os testemunhos que tem recebido de todo o mundo. É o caso de um voluntário a trabalhar numa missão católica no Uganda há 54 anos e que expressou a alegria de poder levar a Roma quatro crianças de oito anos.
A Jornada será também aberta a crianças de outras Igrejas cristãs e de outras religiões. “Todas as crianças devem ser incluídas, especialmente as mais vulneráveis e as vítimas da guerra”, assinala por seu lado Marco Impagliazzo, presidente da Comunidade de Sant’Egidio, que está a colaborar com o Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé na organização da Jornada. Porque o objetivo da iniciativa, refere, “é dar esperança a este mundo”.
A mensagem do Papa
É também por isso que, na sua mensagem para a I Jornada Mundial das Crianças, divulgada este sábado, 2 de março, o Papa começa por esclarecer que se dirige a todos. “Todos sois importantes e, juntos – os de perto e os de longe –, manifestais o desejo que há em cada um de nós de crescer e se renovar. Lembrais-nos que somos, todos, filhos e irmãos e ninguém pode existir sem uma pessoa que o traga ao mundo, nem crescer sem ter outros a quem dar amor e de quem receber amor”, escreve Francisco.
E às “queridas meninas” e “queridos meninos” que lerem a mensagem pede: “não esqueçais quem dentre vós embora tão pequeno já se encontra a lutar contra doenças e dificuldades, no hospital ou em casa, quem é vítima da guerra e da violência, quem padece a fome e a sede, quem vive na rua, quem é forçado a combater como soldado ou tem de escapar como refugiado, separado dos seus pais, quem não pode ir à escola, quem é vítima de grupos criminosos, das drogas ou doutras formas de escravidão, dos abusos”.
Lembrando a frase proferida por Jesus que escolheu para dar o mote a esta primeira Jornada – “Eu renovo todas as coisas (Ap 21, 5) – o Papa explica o seu significado prático: “com Jesus, podemos sonhar uma nova humanidade e trabalhar por uma sociedade mais fraterna e atenta à nossa casa comum, começando por coisas simples como saudar os outros, pedir licença, pedir desculpa, dizer obrigado. O mundo transforma-se antes de mais através de pequenas coisas, sem ter vergonha de realizar apenas pequenos passos”.
Francisco sublinha ainda o quão importante é a partilha e a comunhão com os outros. “Sozinhos, queridas meninas e queridos meninos, não podemos sequer ser felizes, porque a alegria cresce na medida em que a partilhamos”, escreve o Papa. E deixa o aviso: “Quando guardamos só para nós o que recebemos, ou até fazemos uma birra para conseguir esta ou aquela dádiva, na realidade esquecemo-nos de que o maior dom somos nós mesmos, uns para os outros: somos nós a «prenda de Deus». Os outros dons servem apenas para estar juntos; se não os utilizamos para isso, seremos eternos insatisfeitos e nunca nos bastarão”. Assim nasce a amizade, assinala ainda Francisco: “na partilha e no perdão, com paciência, coragem, criatividade e imaginação, sem medo nem preconceitos”.
Por último, o Papa confidencia “um segredo importante”: que “para sermos verdadeiramente felizes é preciso rezar, rezar muito, todos os dias, porque a oração liga-nos diretamente a Deus, enche-nos o coração de luz e calor e ajuda-nos a fazer tudo com confiança e serenidade”.
Testemunhos, atuações musicais e missa
Além da mensagem do Papa, foram divulgados este fim de semana aqueles que serão os principais momentos do programa da Jornada Mundial das Crianças: no sábado, 25 de maio, a partir das 15 horas (hora local), as atividades decorrerão no Estádio Olímpico de Roma, com destaque para os testemunhos e atuações de artistas de todo o mundo, incluindo um grupo de padres de Buenos Aires, o futebolista do Senegal Ibrahima Balde, o jovem migrante autor do livro “Fratellino”, o ator Lino Banfi, o apresentador Carlo Conti e os cantores Gianni Morandi e Mr Rain. No domingo, 26, o encontro será na Praça São Pedro, onde, às 10h30, o Papa Francisco presidirá à missa. Todos aqueles que pretendam participar deverão inscrever-se através da página oficial da Jornada, onde estão disponíveis informações adicionais e em permanente atualização sobre o encontro.
Texto redigido por Clara Raimundo/jornal 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária