Estamos numa era de profundas mudanças sociais e culturais. O conceito de globalização é muitas vezes usado para designar o fenómeno de integração ou partilha de informações, de culturas e de mercados no mundo moderno. É importante que haja também um consenso ético sobre os valores humanos fundamentais. De facto, fala-se pouco sobre a universalidade dos direitos fundamentais.
O Papa João Paulo II lamentou a existência de um mundo onde as pessoas se excluem por não permitirem uma igualdade de oportunidades e de momentos entre umas e outras. A nível global, continuamos a habitar um mundo de dois povos: aqueles que têm dignidade e direitos, e outro povo que está condenado à pobreza, marginalização, guerras sem cessar e muitos sofrimentos.
É esta a nossa aldeia global? Parece que mergulhámos no livro ‘A quinta dos animais’, de George Orwell, onde “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”. Se nenhum homem é uma ilha, como dizia o poeta inglês John Donne, ninguém pode ser condenado a viver completamente isolado, sem acesso aos bens essenciais, só porque nasceu ou vive em determinada parte do mundo.
O primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. Infelizmente, a realidade é completamente diferente. Temos dois mundos distintos, os que têm condições para viver com dignidade, e os que não têm nenhum tipo de proteção social. Faz-me recordar a série americana “The haves and the have nots”, sobre as grandes famílias da Geórgia – os Cryers e os Harringtons – que eram ricos e poderosos e viviam uma vida de luxo, enquanto a família dos Youngs tinha muitas dificuldades económicas.
O grande pensador G.K. Chesterton dizia que o mundo moderno perdeu o juízo, não tanto porque aceita o anormal, mas porque não consegue restabelecer a normalidade. Neste sentido, vale a pena refletir sobre os verdadeiros valores humanos e os novos caminhos para contruir um mundo humanamente global para todos. E tu? O que fazes para orientar a globalização da humanidade em termos de relacionamento e partilha?