O Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa (UCP-CEHR) tem por missão o estudo diacrónico da sociedade no espaço histórico português e nos seus círculos de influência. Centrado na análise das mentalidades, das instituições e das práticas, estuda as interações entre as dinâmicas sociais e religiosas, promovendo o conhecimento científico e a sua transmissão à comunidade. Neste contexto, no ano em que se comemora o cinquentenário da revolução do 25 de Abril, o UCP-CEHR procura dar resposta ao estímulo suscitado à reflexão historiográfica pela evocação daqueles acontecimentos da história de Portugal.
O objetivo desta equipa de investigadores é situar, de forma mais específica, as questões em torno da religião, das práticas de fé, das convicções religiosas e dos diversos níveis institucionais, trabalhando em novas perspetivas de análise crítica e no alargamento dos conhecimentos existentes. Este objetivo tem sido promovido, desde 2022, através da organização do seminário mensal “Cidadania, democracia e reformismo”. Sabendo que a situação de guerra colonial e a progressiva contestação foram fatores conducentes ao 25 de Abril de 1974 e instauradores de um tempo de rutura na sociedade portuguesa, o projeto tem-se dedicado também à temática da descolonização. Estes processos, e as suas implicações, acentuaram o distanciamento entre setores do catolicismo e o regime político português. Nos anos 60 assistiu-se também à crise do conceito de missão sob o signo da “portugalidade”, em grande medida devido ao impacto da renovação operada pelo Concílio Vaticano II e à problematização interna sobre o futuro dos territórios ultramarinos, decorrente da eclosão das guerras de independência. Insistindo na missão da Igreja, o Concílio abriu horizontes consistentes no caminho da inculturação.
Nesta oportunidade, procura-se uma reflexão aprofundada, com sustentação historiográfica, sobre o posicionamento e papel da Igreja Católica e das outras correntes religiosas perante o regime ditatorial do Estado Novo e o colonialismo português, atentando também à complexidade das fontes escritas e orais, dos testemunhos e da documentação. As temáticas da “democratização” e da “descolonização” trabalhadas neste projeto são processos aparentemente apensos a um determinado passado, mais ou menos remoto, mas neles reside uma atualidade indiscutível.