A guerra civil que assola o Sudão há um ano, desde 15 de abril de 2023, já causou pelo menos 12 mil mortos, enquanto 8,5 milhões de sudaneses foram obrigados a fugir das suas casas, de acordo com as Nações Unidas. O conflito entre as Forças Armadas do Sudão (SAF), lideradas por Abdelfattah Al-Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (RSF), chefiadas por Mohammed Hamdan Dagalo, tem-se revelado catastrófico a nível humanitário. Embora não haja números certos, estima-se que as vítimas mortais possam chegar às 15 mil, desde o início da guerra.
“A situação é terrível; inúmeras mulheres e crianças, famintas e traumatizadas, enfrentam circunstâncias insuportáveis. A ação não é apenas necessária; é um imperativo moral para evitar mais devastação”, afirmou Telley Sadia, representante da CAFOD (Catholic Agency for Overseas Development) no Sudão, ao Crux. “Apelamos aos governos e líderes doadores reunidos em Paris para que atribuam rapidamente os 2,7 mil milhões de dólares necessários para os esforços de socorro no Sudão. Os fundos devem chegar prontamente às equipas locais de intervenção. Apelamos também a um cessar-fogo imediato, à proteção dos civis e a um acesso humanitário sem entraves”, acrescentou.
No país, a comunidade cristã, minoritária, está muito fragilizada e a ação da Igreja Católica no Sudão é, presentemente, muito reduzida. “Antes da guerra, representava cinco por cento da população, mas era tolerada e podia gerir alguns hospitais e escolas, embora não lhe fosse permitido proclamar abertamente a fé”, explica Kinga Schierstadt, coordenadora de projetos da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
Vários missionários e comunidades religiosas foram obrigados a abandonar o país, para além das inúmeras paróquias, hospitais e escolas terem sido também encerrados. No dia 18 de fevereiro, depois da oração do Ângelus, o Papa Francisco também se referiu ao conflito, afirmando: “Peço novamente às partes em conflito que parem com esta guerra, que provoca tanto mal às pessoas e ao futuro do país. Rezemos para que em breve sejam encontrados caminhos de paz para construir o futuro do querido Sudão.”
Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.