A sociedade europeia vive numa era de transformações aceleradas. A grande mudança na Europa começou quando Robert Schuman anunciou o plano que colocava o continente na rota da união, cinco anos depois do fim da II Guerra Mundial. A Declaração Schuman tinha o intuito de unir a Europa, evitar novas guerras, destacava os valores da paz, solidariedade, desenvolvimento socioeconómico e equilíbrio ambiental. Robert Schuman declarou que “a paz mundial não poderá ser salvaguardada sem esforços criativos que estejam à altura dos perigos que a ameaçam”, e afirmou ainda que a “Europa não se construirá de uma só vez, nem de acordo com um plano único. Construir-se-á através de realizações concretas que criarão, antes de mais, uma solidariedade de facto”.
Hoje, a realidade é muito diferente. A Europa não é o que era, e muitos desafios permanecem. Nestes últimos anos, com o crescente fluxo migratório, o continente tornou-se muito mais multiétnico. Existem muitos outros problemas que devem ser resolvidos, sem esquecer os sonhos dos fundadores da União Europeia.
Cerca de 400 milhões de europeus vão às urnas entre os dias 6 e 9 de junho, e irão escolher os representantes do Parlamento Europeu, numa altura em que a Europa enfrenta grandes desafios políticos, económicos e sociais, num contexto de crescente instabilidade internacional, com preocupações sobre a situação da segurança e a crise migratória.
Um estudo realizado para a Fundação Francisco Manuel dos Santos, e divulgado em maio, mostrou que a maioria apoia o projeto europeu, e Portugal está entre os países mais pró-União Europeia. A percentagem de inquiridos que dizem que Portugal beneficiou da adesão ao espaço comunitário atingiu um “máximo histórico”, com respostas acima dos 90 por cento. De acordo com a sondagem do euro-barómetro, os principais valores que a Europa deve defender são a democracia, os direitos humanos e a liberdade de expressão.
Concluindo, a Europa não pode falhar o seu compromisso com a história, e deve ser também um estímulo para o resto do mundo. A Europa deve reinventar o seu projeto comunitário de acordo com as mudanças da época. Também não deve fechar-se sobre si mesma, mas empenhar-se na solidariedade internacional. “O dever de solidariedade é o mesmo, tanto para as pessoas como para os povos: é um dever muito grave dos povos desenvolvidos ajudar os que estão em via de desenvolvimento”, lê-se no ponto número 48 da encíclica ‘Populorum Progressio’.