O tema deste ano do Dia Mundial do Ambiente, celebrado a 5 de junho, é o restauro dos solos, a desertificação e a resiliência às secas. Trazer a natureza de volta é crucial para enfrentarmos a crise climática,
traz-nos benefícios de saúde, e faz sentido em termos económicos.
Os dados são dramáticos: o uso de recursos naturais mais do que triplicou desde 1970 e continua a crescer. O uso desses recursos e os seus benefícios são distribuídos de forma desigual entre países e regiões: a metade mais pobre da população global possui apenas dois por cento da riqueza global total, enquanto os dez por cento mais ricos possuem 76 por cento de toda a riqueza; a metade mais pobre da população global contribuiu com dez por cento das emissões de gases com efeito de estufa que contribuem para o aquecimento global e consequentes alterações climáticas; os dez por cento mais ricos da população global emitiram mais da metade do total de emissões de carbono entre 1990 e 2015. Os seres humanos alteraram 75 por cento da superfície terrestre do planeta, impactaram 66 por cento da área oceânica e destruíram (direta ou indiretamente) 85 por cento das zonas húmidas.
Os países precisam de assegurar os compromissos existentes para restaurar um milhar de milhões de hectares de terra degradados e assumir compromissos semelhantes para as áreas marinhas e costeiras. A humanidade não está fora da natureza; ela é parte dela. Precisamos de recriar uma relação equilibrada com os ecossistemas que nos sustentam. Infelizmente, ainda estamos a caminhar na direção errada. Os ecossistemas do mundo – dos oceanos e florestas às terras agrícolas – estão num processo de degradação, em muitos casos, a um ritmo acelerado. As pessoas que vivem na pobreza, mulheres, povos indígenas e outros grupos marginalizados, suportam o peso desses danos. Embora as causas da degradação sejam diversas e complexas, uma coisa é clara: o crescimento económico maciço das últimas décadas tem sido feito às custas do equilíbrio ecológico. A conservação de ecossistemas equilibrados – embora de importância vital – já não é mais suficiente. Estamos a usar em termos de recursos o equivalente a 1,6 planetas para manter o nosso modo de vida atual, e os ecossistemas não conseguem acompanhar as nossas exigências. Em termos simples, precisamos de mais natureza!