Mónica Santos Silva integra a Unidade de Cidadania Global do Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), e lidera projetos de educação para o desenvolvimento. Em entrevista, a profissional aprofunda o 13.º ODS, que diz respeito à ação climática.
Os jovens manifestam-se sobre a ação climática enquanto os adultos parecem não ligar às questões da cidadania global?
Duas ativistas climáticas idosas quebraram o vidro que protege a Carta Magna da Inglaterra, um icónico manuscrito britânico do século XIII, no passado dia 10 de maio, num protesto pelo fim dos combustíveis fósseis, o que mostra que todas as gerações estão preocupadas, mas, de facto, são os jovens que têm encontrado formas de se fazerem presentes na agenda mediática. É muito difícil num mundo multiplexo manter o foco dos adultos. Depois do trabalho, o que vemos? Guerras, mortes e destruição. Sinto que perante tanta tragédia, as pessoas se refugiam, mas não são indiferentes.
A vossa equipa decidiu apoiar o projeto ‘Zambujal 360’ na formação dos jovens. Porquê?
Quando nos apresentaram o projeto, vimos que acreditavam nele, que havia vontade de fazer a diferença e de garantir a formação dos jovens, numa abordagem inovadora, que alia arte, educação e cidadania global, e onde se trabalha numa comunidade em situação de vulnerabilidade, para potenciar os ODS e mostrar que “ninguém vai ficar para trás”. É um projeto incrível, cujos resultados, tanto para a comunidade como para a cidade, e mesmo para o país, vão ser uma inspiração.
Que ações se podem realizar para concretizar o ODS 13 no Bairro do Zambujal?
Acho que a primeira ação é garantir que todas as pessoas conhecem os ODS, e que se convidem as mais altas figuras do país a visitar a comunidade e a organizar uma roda de conversa que mostre a ligação entre o ODS 13 e a educação, o trabalho digno e a igualdade de género. Em cada um dos jardins do bairro pode ser criado um cantinho ODS para a troca de bens, para uma horta comunitária, uma árvore dos desejos, e um simples palco onde as pessoas se reúnam, cantem e apresentem os artistas do bairro, e assim manter uma comunidade viva, interventiva e com um estilo de vida sustentável.
Texto: Mário Linhares