Bernard Obiero - Diretor da Fátima Missionária

Já passaram mais de dois anos desde que as tropas russas invadiram a Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022. Milhões de ucranianos foram forçados a fugir das suas casas, a maioria deles, mulheres e crianças. Infelizmente, os ataques mantêm-se, sem que se vislumbre o fim da luta. O conflito continua a causar sofrimento humano e muita destruição. Todos anseiam o fim da guerra e integração das famílias. A crise humanitária gerada pelos conflitos não pode deixar-nos indiferentes. O caminho para a paz precisa da colaboração de todos.

Nos passados dias 15 e 16 de junho, realizou-se a Cimeira para a Paz na Ucrânia. O documento final pede que todas as partes em conflito estejam envolvidas no alcance da paz, e reafirma os princípios da soberania, da independência e da integridade territorial da Ucrânia. A grande maioria dos mais de 90 países representados na Cimeira de Bürgenstock, na Suíça, concordou que o “diálogo entre todas as partes” e o respeito do princípio fundamental da soberania, da independência e da integridade territorial da Ucrânia, são importantes para alcançar a paz.

A Santa Sé esteve representada na cimeira pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, acompanhado pelo núncio apostólico na Suíça, Martin Krebs, e pelo bispo Paul Butnaru, da secção para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais. No seu discurso, o responsável diplomático do Vaticano afirmou: “Perante a guerra e as suas trágicas consequências, é importante nunca desistir, mas continuar a procurar formas de pôr fim ao conflito com boas intenções, confiança e criatividade.” O colaborador do Papa declarou que “o único meio capaz de alcançar uma paz verdadeira, estável e justa é o diálogo entre todas as partes envolvidas”.

O Papa João XXIII, na sua carta encíclica “Pacem in Terris” (A paz na terra, em português), tinha defendido que “nada se perde com a paz, mas tudo pode ser perdido com a guerra”. Explicou ainda que “os conflitos entre as nações devem ser resolvidos com negociações e confiança mútua, e não com as armas. A paz entre os povos exige: a verdade como fundamento, a justiça como norma, o amor como motor, a liberdade como clima”. A Cimeira para a Paz na Ucrânia foi uma pequena luz ao fundo do túnel, mas é urgente dar mais passos na direção certa. Por isso, é necessário que todos estejam sentados à mesa.