Mircea Pascaluta, secretário de Estado das Infraestruturas, falou em entrevista sobre as ambições europeístas da Moldova, uma antiga república soviética.
Quão importante é o estatuto de candidato à União Europeia para a Moldova?
É a estratégia nacional mais importante e agradeço a abertura dos parceiros europeus à candidatura do nosso país. A nível interno, estamos a trabalhar arduamente para nos tornarmos membros da União Europeia. O nosso objetivo é tornarmo-nos membros da UE até 2030. Temos agora este estatuto de candidato e espero sinceramente que dentro de algum tempo se abram as negociações e comecemos a avançar juntos muito, muito rapidamente nas reformas necessárias, também no desenvolvimento da nossa economia.
A experiência bem-sucedida da Roménia na União Europeia desde 2007, sendo um país muito próximo em termos de língua e de cultura, foi decisiva para fortalecer o espírito europeísta na Moldova?
Sim. Muitos dos nossos cidadãos têm cidadania romena, e muitos outros estão no estrangeiro, vivem em vários países da União Europeia, e sabem bem o que representa ser um Estado-membro. Ao mesmo tempo, a Roménia é um parceiro estratégico e um bom amigo. Temos a mesma língua, temos a mesma história, a mesma cultura, e agora estão a ajudar-nos muito nesta candidatura. Fornecem muita informação, fornecem muita assistência técnica, porque é uma grande facilidade termos a mesma língua, especialmente no processo de transposição dos regulamentos da UE, algo muito desafiador neste momento. Temos a oportunidade de aprender com as melhores práticas dos romenos.
Como está a guerra na Ucrânia, mesmo aqui ao lado, a afetar a Moldova?
Infelizmente, a guerra na Ucrânia afetou-nos muito. Para nós foi muito desafiante e continua a ser muito desafiante utilizar as nossas infraestruturas, porque quando a guerra começou, tentámos ajudar os nossos amigos ucranianos e garantimos o trânsito dos refugiados, por isso ajudámos muito. Centenas de milhares dos ucranianos transitam pelo nosso país. Neste momento, penso que temos mais de 80 000 ucranianos a viver na Moldova. E foi um grande impacto logo em 2022, porque concentrámos e reorientámos grande parte do nosso orçamento para ajudar os cidadãos ucranianos. Ao mesmo tempo, assegurámos, disponibilizámos e damos autorização para o trânsito de mercadorias ucranianas através da nossa infraestrutura, das nossas estradas, dos nossos caminhos de ferro. E estamos a investir muito nos caminhos de ferro para garantir que utilizarão os nossos caminhos de ferro para o trânsito de mercadorias da Ucrânia para a UE. A mesma coisa nas estradas. E na aviação temos milhares de ucranianos que utilizam o aeroporto de Chisinau como o principal.
Em termos da relação com a Rússia, a guerra na Ucrânia foi decisiva para a Moldova apostar na integração na União Europeia e sair da esfera de influência russa?
Não podemos ter boas relações com um Estado que faz guerra e mata pessoas na Ucrânia. Somos muito francos e a nossa posição é muito forte, vamos para a UE. Não somos contra o povo da Rússia, mas somos contra os criminosos que estão no governo e fazem esta guerra na Ucrânia.
Como é que a situação separatista na Transnístria, região pró-russa, afeta as perspetivas moldovas de integrar a União Europeia?
Na verdade, a Transnístria beneficia do nosso processo de integração na UE. Muitos parceiros privados da Transnístria estão a trabalhar com o mercado da UE. E para a UE será a mesma coisa que Chipre no alargamento de 2004. Portanto, precisamos de nos unir para trabalharmos para que essa região se torne uma região integrada do nosso país com um processo democrático.
Texto: Leonídio Paulo Ferreira, Jornalista do DN