Francisco voltou a autorizar a concessão de indulgências plenárias àqueles que vão visitar idosos sozinhos, necessitados ou que estejam a atravessar algum tipo de dificuldade. Foto © Vatican Media

Aproxima-se o quarto Dia Mundial dos Avós e dos Idosos – que este ano se assinala a 28 de julho – e Francisco voltou a autorizar a concessão de indulgências plenárias àqueles que o celebrem, visitando idosos sozinhos, necessitados ou que estejam a atravessar algum tipo de dificuldade.

Podem também obter a indulgência plenária os próprios idosos e doentes, bem como todos aqueles que não tenham possibilidade de sair de casa por motivos graves, mas que se unam espiritualmente aos eventos do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, “desde que se desapeguem de qualquer pecado e pretendam cumprir o mais rapidamente possível as três condições habituais”, isto é: confessar-se com espírito de verdadeiro arrependimento, receber a eucaristia e rezar pelas intenções do Papa.

A notícia foi divulgada pela Penitenciária Apostólica através de um decreto publicado no passado dia 18 de julho, no Boletim da Sala de Imprensa. A indulgência é definida no Código de Direito Canónico (cf. cân. 992) e no Catecismo da Igreja Católica (n.º 1471) como “a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada”, que o crente obtém em “certas e determinadas condições pela ação da Igreja”.

Um tema e um apelo: “Na velhice, não me abandones”

Na sua Mensagem para o IV Dia Mundial dos Avós, o Papa havia já convidado a seguir o exemplo de Rute, narrado na Bíblia, ela que escolheu permanecer junto da sua sogra Noemi, anciã e viúva. De resto, o tema escolhido para a celebração deste ano pretende traduzir esse apelo constante de Francisco: “Na velhice, não me abandones”, uma frase retirada do Salmo 71.

“Na Bíblia – explica o Papa – encontramos a certeza da proximidade de Deus em todas as estações da vida e, simultaneamente, o temor do abandono, especialmente na velhice e nos períodos de sofrimento. Não se trata duma contradição. Se olharmos em redor, não teremos dificuldade em constatar como tais expressões espelham uma realidade bem evidente. A molesta companheira da nossa vida de idosos e avós é, com frequência, a solidão.”

Na mensagem, Francisco recorda os seus tempos de bispo, na Argentina. “Muitas vezes me sucedeu, como bispo de Buenos Aires, ir visitar lares de terceira idade, dando-me conta de como raramente recebiam visitas aquelas pessoas: algumas, há muitos meses, não viam os seus familiares”.

Entre as causas desta solidão, o Papa identifica o facto de os jovens e adultos, nos países mais pobres, serem muitas vezes “obrigados a emigrar”, ou de, em situações de conflito, terem de ir combater. “Nas cidades e aldeias devastadas pela guerra, permanecem sozinhos muitos idosos e anciãos, únicos sinais de vida em áreas onde parecem reinar o abandono e a morte”, assinala.

Francisco alerta ainda para o facto de muitas vezes, nas sociedades ocidentais, os idosos serem considerados apenas “uma despesa que, em alguns casos, aparece demasiado elevada para pagar”. ” O pior é que, muitas vezes, acabam dominados por esta mentalidade os próprios idosos que chegam a considerar-se como um fardo, sendo os primeiros a quererem desaparecer”, lamenta o Papa.

O Dia Mundial dos Avós e Idosos, data instituída pelo próprio Papa Francisco em 2021, celebra-se, anualmente, no quarto domingo de julho, próximo da festa dos Santos Joaquim e Ana, avós de Jesus. O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida fornece às dioceses uma série de materiais e sugestões pastorais e litúrgicas, disponíveis no seu sítio oficial.

Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.