Cerca de 80 pessoas estão a participar em Fátima na primeira edição do Curso de Integração Missionária, destinado a missionários estrangeiros que chegam para trabalhar em Portugal, assim como portugueses que regressam ao seu país natal, depois de muito tempo de ausência. Entre os especialistas que dinamizam o curso está Eduardo Duque, sacerdote, doutor em Sociologia, e professor na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa.
Na sua intervenção, dedicada ao tema “O desafio da evangelização num mundo altamente secularizado”, o conferencista explicou o que é um “coração bom” e qual a sua importância em ambiente eclesial. “Se nós não tivermos, nos dias de hoje, um coração bom, não somos Igreja”, disse o especialista, acrescentando depois que um “bom coração” é aquele que “recebe, que acolhe”, e que “às vezes até pode ficar prejudicado”. Eduardo Duque sublinha que se a Igreja não tiver essas características, então “o testemunho não vai passar”.
O orador considera que “nunca a Igreja foi tão precisa como hoje”, e apontou para os sofrimentos que fazem parte da vida da população. “O mundo está triste. Por isso é que nunca se tomaram tantos ansiolíticos como nos tempos de hoje”, referiu, alertando depois para o uso abusivo da tecnologia, em detrimento das relações humanas. “Nós podemos ter toda a tecnologia ao nosso lado, e estarmos completamente perdidos. A ciência e a tecnologia são muito importantes, mas não podemos descuidar a relação humana, aquilo que nos une. Não podemos descuidar a dimensão espiritual do corpo porque senão o corpo é um conjunto de vísceras, mas sem vida, é seco, não tem alma.” O especialista considera que “sem história, sem ética e sem sentido, o mundo carece de vida, de alguma coisa. Qual é a consequência disto? É a perda do sentido. Chegamos ao fim da linha. Então, cada um constrói o seu próprio mundo, os seus próprios deuses”, que podem ser “o álcool, o futebol, o desporto ou a tecnologia”, por exemplo.
O sacerdote sublinha, no entanto, que “o mundo não está perdido”, e que “é preciso acolher e ajudar o outro”. A comunicação de Eduardo Duque teve lugar no Centro Missionário Allamano, uma estrutura dos Missionários da Consolata, na manhã de quinta-feira, 25 de julho. O Curso de Integração Missionária chega ao fim esta sexta-feira, dia 26, depois de ter arrancado no início desta semana, dia 22. A formação é organizada pelos Institutos Missionários Ad Gentes.