Uma equipa internacional de investigadores conseguiu identificar os alegados restos mortais do bispo Teodomiro de Iria Flavia, o qual terá descoberto o túmulo do apóstolo Santiago entre 820 e 830 d.C, que anos mais tarde daria origem ao fenómeno jacobeu e à peregrinação à catedral de Santiago de Compostela.
Coordenados pelo investigador Patxi Pérez Ramallo, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, e em colaboração com instituições como o Instituto Max Planck de Geoantropologia e a Universidade de Estocolmo, os cientistas efetuaram uma análise exaustiva dos restos mortais encontrados e forneceram novos dados sobre a identidade do indivíduo. As conclusões do trabalho realizado foram publicadas na útima terça-feira, 13 de agosto, no jornal El País.
Em declarações à agência EFE, Ramallo confirmou as descobertas e, embora tenha sublinhado que, de um ponto de vista científico, “nunca” haverá certezas absolutas sobre a identificação, garantiu que as hipóteses de os restos mortais corresponderem a Teodomiro são “muito, muito elevadas”.
“A ciência é sempre muito conservadora”, explicou o investigador, referindo que não se conhece nenhum descendente ou familiar do bispo com quem se possa comparar o ADN dos restos mortais identificados, mas que o contexto histórico e arqueológico é “muito claro” e indica que os restos mortais correspondem aos do bispo.
Os testes de “carbono 14”, que permitem datar inequivocamente os restos mortais, a dieta, a origem geográfica, o ADN – que confirma que se trata de restos mortais de um homem – e outras verificações e análises efetuadas pelos investigadores permitiram aos cientistas concluir que se trata dos seus restos mortais.
A nova investigação, cujos resultados foram publicados nesta terça-feira, na revista Antiquity, fornece dados sobre a identidade do indivíduo e confirma que o túmulo continha os ossos de um único indivíduo, um homem adulto com mais de 45 anos de idade.
A datação por radiocarbono é consistente com uma morte em 847, e outras análises de isótopos estáveis de oxigénio sugerem que o indivíduo viveu perto da costa, coincidindo com a localização de Iria Flavia.
Patxi Pérez explicou à EFE que os testes de análise e estudo disponíveis entre os anos 50 e 80 – quando foram efetuados vários estudos sobre os mesmos restos mortais – e os utilizados atualmente são muito diferentes.
Na sua opinião, a controvérsia e o debate que tem existido nas últimas décadas sobre a identidade destes restos mortais é normal, uma controvérsia que não considera encerrada, porque para além dos critérios e contributos científicos “há outros religiosos ou políticos misturados”.
Considera, sim, a polémica científica encerrada e anunciou que a investigação vai continuar, sendo que nos próximos trabalhos se pretende aprofundar o conhecimento do ADN dos restos mortais e até recriar a aparência física dos restos mortais do bispo Teodomiro.
Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.