Um grupo de trabalho das Nações Unidas alertou para o aumento da subnutrição infantil nas zonas controladas pelo governo do Iémen, tendo, pela primeira vez, comunicado níveis “extremamente críticos” de subnutrição em zonas do sul do país, noticiou a UCA News, na última segunda-feira, 19.

“O número de crianças com menos de cinco anos que sofrem de desnutrição aguda, ou emaciação, aumentou 34 por cento em relação ao ano anterior (…) afetando mais de 600.000 crianças, incluindo 120.000 crianças gravemente desnutridas”, afirmou a UNICEF no último relatório da iniciativa Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar (CIF), da qual faz parte.

O Iémen está mergulhado num conflito devastador desde 2014 entre o governo internacionalmente reconhecido, apoiado por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita, e os rebeldes Huthi, apoiados pelo Irão. Os tumultos mergulharam o país, que já era o mais pobre da Península Arábica antes da guerra, numa das piores crises humanitárias do mundo.

“O aumento acentuado [da subnutrição infantil] é impulsionado pelo efeito combinado de surtos de doenças [cólera e sarampo], elevada insegurança alimentar, acesso limitado a água potável e declínio económico”, acrescentou a agência da ONU para as crianças. Os dados da CIF abrangem 117 áreas controladas pelo governo, todas as quais deverão registar níveis elevados de desnutrição entre julho e outubro.

Algumas zonas foram classificadas pela primeira vez como tendo níveis “extremamente críticos” de desnutrição aguda, a classificação mais grave com uma prevalência superior a 30 por cento. “O relatório confirma uma tendência alarmante”, afirmou o representante da UNICEF no Iémen, Peter Hawkins, uma vez que várias organizações internacionais reduziram as suas operações no país devido à falta de financiamento.

O Programa Alimentar Mundial “é atualmente forçado a fornecer rações de menor dimensão e estes resultados devem ser um sinal de alerta de que há vidas em risco”, acrescentou Pierre Honnorat, diretor da agência no Iémen. “É fundamental intensificar o apoio aos mais vulneráveis, que poderão afundar-se ainda mais na insegurança alimentar e na subnutrição se persistirem os atuais baixos níveis de financiamento humanitário”, concluiu.

Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.