António Couto é um dos formadores do Curso de Missiologia, que está a decorrer nas instalações dos Missionários da Consolata, em Fátima

O Curso de Missiologia está a decorrer em Fátima com o propósito de formar missionários e a missão. Os trabalhos da última terça-feira, 27 de agosto, foram orientados por António Couto, doutorado em Teologia Bíblica, professor no ensino superior, bispo na diocese de Lamego, e autor de diversos livros e artigos.

A intervenção do prelado incidiu sobre o tema “São Lucas e a missão”. Perante uma assembleia constituída por 53 formandos, António Couto destacou como as palavras do Evangelho marcaram a vida de Lucas. “Um dia Lucas foi apanhado pela mensagem do Evangelho, e isso deixou-o fascinado por ela. Pegou nessa mensagem que o atingiu e o transformou, e escreveu o Evangelho”.

O modo de escrever de Lucas era distinta, e teve um grande impacto no mundo das artes. “Lucas, com a sua escrita plástica e pictórica admirável, foi um escritor notável de quadros. Soube desenhar quadros literários excecionais e inesquecíveis que ao longo dos séculos, sobretudo da Idade Média e da Renascença, pintores de renome se encarregaram de dar corpo. Houve pintores, sobretudo na Idade Média e na Renascença, que pegaram em relatos de Lucas e fizeram pinturas, fizeram quadros.”

António Couto lembrou quadros que retratam a anunciação, a visitação, a adoração dos pastores, o bom samaritano, o filho pródigo e os discípulos de Emaús. “O texto de Lucas é uma série de quadros. Ele bem que podia ser pintor. Bem podia ter pintado isto tudo, em vez de o escrever. Escreveu com tal ‘calor’, com tal ‘lume’, que as suas palavras são um quadro. Os pintores da Renascença e antes da Idade Média pegam nestes textos e com eles fazem quadros sublimes”, demonstrou o bispo.

“O último quadro que eu apresento – Os discípulos de Emaús – é fabuloso. Aparece muitas vezes diante de nós em pinturas excelentes, soberbas, e retrata aqueles dois que vão a caminho de Emaús, desanimados, e, entretanto, surge um Terceiro no meio deles, que lhes faz perguntas. Depois juntam-se em casa e Jesus celebra, por assim dizer, a Eucaristia, e eles reconhecem-No aí e voltam para Jerusalém. São cenas inesquecíveis. Por tudo isto, assenta bem a Lucas o título de padroeiro dos pintores cristãos. Não é só porque a tradição das Igrejas do Oriente diz que ele era pintor, mas é mais pela sua escrita pictórica – os quadros intensos que ele escreve, que são de tal maneira concretos”.

António Couto recordou como as tradições das Igrejas orientais indicavam que além de médico, Lucas era também pintor. “Se ele não era pintor, deu muito trabalho a fazer aos pintores, daí que o título de padroeiro dos pintores cristãos é para ele sublime”, destacou. O Curso de Missiologia prossegue esta quarta-feira, 28 de agosto, sob orientação de Cátia Tuna, doutora em História, compositora e cantora.