Após um ataque, palestiniano chora a morte de uma criança no Hospital Nasser, no sul da Faixa de Gaza, em novembro | Foto: Lusa

A subsecretária-geral interina para os Assuntos Humanitários e coordenadora interina da ajuda de emergência, Joyce Msuya, afirmou quinta-feira, 29 de agosto, que “a situação em Gaza é mais do que desesperada”.

Falando numa reunião de emergência do Conselho de Segurança, sobre a guerra em Gaza, e que decorria em Nova Iorque, EUA, à hora de edição desta notícia (às 21h00 de quinta-feira, hora de Lisboa), Joyce Msuya afirmou: “A nossa resposta humanitária está a enfrentar dificuldades sem precedentes.”

Desde o início da guerra, em outubro, mais de 40 000 pessoas foram mortas e mais de 93 000 ficaram feridas em Gaza, muitas das quais mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, e mais de 17 000 crianças palestinianas estão desacompanhadas ou separadas dos seus familiares e tutores. Além disso, multiplicam-se os relatos de maus tratos infligidos aos palestinianos detidos em Israel.

A responsável das Nações Unidas acrescentou que estão a ser envidados esforços para fornecer ajuda humanitária, incluindo as tão necessárias vacinas contra a poliomielite. 

“Só na semana passada, as nossas equipas foram deslocadas e alvejadas. Perdemos escritórios e armazéns, e os fornecimentos limitados continuaram a diminuir. Os colegas do Programa Alimentar Mundial (PAM) foram alvejados há dois dias no seu veículo identificado e sobreviveram por pura sorte”, apontou Joyce Msuya.

“Não podemos planear com mais de 24 horas de antecedência porque temos dificuldade em saber que mantimentos vamos ter, quando os vamos ter ou onde os vamos poder entregar”, afirmou. “A vida de 2,1 milhões de pessoas não pode depender apenas da sorte e da esperança.”

As ordens de evacuação emitidas pelas forças armadas israelitas aumentaram, com impactos devastadores para os civis, disse, referindo que até agora, só neste mês de agosto, foram emitidas 16 dessas ordens.

“Só entre 19 e 24 de agosto, foram emitidas cinco ordens deste tipo, o maior número de ordens emitidas numa única semana desde o início desta crise” em outubro de 2023, afirmou, acrescentando que estas ordens afetaram um quarto de milhão de pessoas em 33 bairros em Deir Al-Balah, Khan Younis e no norte de Gaza. 

O responsável da Organização Mundial de Saúde, Mike Ryan, disse por sua vez ao Conselho que a campanha contra a poliomielite deve “marcar uma mudança significativa” em todo o processo de distribuição de ajuda em Gaza, que deve ocorrer em “grande escala, a um ritmo muito mais rápido e sem qualquer obstáculo”. 

A reunião surge na sequência da escalada da violência dos colonos na Cisjordânia ocupada e de um ataque contra uma equipa do PAM em Gaza, que levou a agência a suspender as suas operações no enclave devastado pela guerra até nova ordem. 

Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.