Fundador da Consolata em Portugal em frente ao seminário da congregação, em Fátima | Foto: Arquivo

Os Missionários da Consolata foram a primeira congregação masculina a instalar-se na Cova da Iria. O processo teve início através do trabalho de João De Marchi, um padre italiano que chegou a Portugal em 1943, aos 29 anos. Apenas 16 meses depois de ter aterrado em território português, João De Marchi recebeu os primeiros candidatos a missionários e depressa adquiriu um terreno para construir um edifício para acolher as vocações que estavam a surgir.

Assim nasceu o Seminário das Missões de Nossa Senhora de Fátima, que acolhia e formava os candidatos a sacerdotes ou irmãos. A formação ministrada a partir deste lugar foi o ponto de partida para a formação de dezenas de missionários portugueses que nestes últimos anos trabalharam ou ainda trabalham em territórios de missão nos quatro continentes.

Divulgação da mensagem de Fátima
Além da formação dos seminaristas, o padre italiano interessava-se por tudo o que se relacionava com Fátima.Entrou em contacto com os familiares dos três pastorinhos, perguntou, investigou, estudou os factos do tempo das aparições e interrogou as suas testemunhas, incluindo a vidente Lúcia dos Santos. De Marchi escreveu com dedicação sobre Fátima, e tornou-se num grande divulgador da mensagem transmitida pelos três pequenos videntes.

O sacerdote publicou um dos livros mais vendidos de sempre sobre os acontecimentos da Cova da Iria, intitulado – “Era uma Senhora mais brilhante que o sol”. Esta publicação foi traduzida em pelo menos oito línguas, e encontra-se atualmente na sua 26ª edição. Mais tarde, o missionário decidiu escrever para as crianças e publicou o livro “Foi aos pastorinhos que a Virgem falou”.

Por ocasião dos 100 anos de Fátima, assinalados em 2017, Aventino Oliveira, falecido em 2021, e que fez parte do primeiro grupo de seminaristas formado pelo padre João De Marchi, recordou o trabalho deste padre italiano. “Chegou a Portugal sem saber falar português, mas desejava escrever um livro sobre Fátima e andava numa velha bicicleta pela região a fazer a recolha dos testemunhos. Foi um dos maiores promotores da Mensagem de Fátima e escreveu um livro traduzido em tantas línguas e com tantas edições, que nem é preciso dizer mais nada. As pessoas viam que ele era um homem que não tinha nada seu, que era completamente dedicado à missão, especialmente à missão entre os mais pobres”. O testemunho do padre Aventino corrobora uma das afirmações do próprio De Marchi, que dizia então – “Ajudar os outros, que honra! Nunca trabalhei para mim próprio”. O fundador dos Missionários da Consolata em Portugal morreu em 2003, com 88 anos.

Acolhimento, cultura e evangelização
No ano em que se celebraram os 50 anos do fenómeno de Fátima, em 1967, abriu portas o Consolata Hotel (antigo Hotel Pax) para alojar os peregrinos que se deslocam à Cova da Iria. Mais tarde, a partir de 1957, foi editada a revista FÁTIMA MISSIONÁRIA, cuja redação se encontra presente na Cova da Iria, e que dá a conhecer a atividade missionária no mundo, promovendo valores como a paz, solidariedade, justiça, fraternidade e a defesa do ambiente. Em 1991, foi inaugurado o Consolata Museu – Arte Sacra e Etnologia, com uma coleção de objetos de arte sacra e de carácter etnográfico dos vários países de missão onde os missionários da Consolata passaram.

Do complexo dos Missionários da Consolata em Fátima faz ainda parte a Consolata Loja, o Centro Missionário Allamano, o Pavilhão Multiusos Padre Manuel Carreira e as Camaratas Padre José Pequito. Todas estas estruturas têm o propósito de acolher os peregrinos, dar a conhecer a história de Fátima, divulgar o trabalho da Consolata no mundo e acolher formações e atividades promovidas por diferentes organismos da Igreja. Além de Fátima, os Missionários da Consolata em Portugal têm comunidades de vida missionária em Águas Santas, Lisboa, Cacém, Braga, e Bairro do Zambujal (Amadora), a partir de onde coordenam todas as suas atividades pastorais.