Maria Margarida Saco, Vice-presidente da Pax Christi Portugal

Num mundo marcado por conflitos e injustiças, a busca pela paz torna-se cada vez mais urgente. A paz, na visão cristã, vai além da ausência de guerra e é um estado de harmonia e justiça, refletindo o amor de Deus por toda a criação. A paz justa não significa só a ausência de violência, mas também a presença de condições sociais, económicas e políticas que sustentam a paz e o florescimento humano.

A não-violência ativa é um compromisso proativo com a justiça e a dignidade humana, indo além da simples recusa de usar a força. Os cristãos são chamados a ser construtores da paz, seguindo o exemplo de Jesus, que pregou o amor aos inimigos e a reconciliação. A Pax Christi promove esses valores através de iniciativas como a educação para a paz e a não-violência, a advocacia política e a solidariedade.

A ‘Iniciativa Católica para a Não-Violência’, lançada pela Pax Christi Internacional e apoiada pelo Papa Francisco, visa integrar a não-violência nas práticas pastorais e na formação teológica, promovendo uma cultura de paz a todos os níveis da sociedade. Neste contexto, foi criado o Instituto Católico para a Não-violência, em Roma, com o intuito de facilitar a investigação, os recursos e as experiências sobre a não-violência aos líderes, comunidades e instituições da Igreja Católica.

A não-violência deve ser vista como uma espiritualidade, um modo de vida, um método de mudança e uma ética universal. A Igreja pode integrar a não-violência evangélica em toda a sua vida e trabalho; um novo quadro moral de “não-violência ativa e paz justa” pode permitir que a Igreja institucional, enquanto autoridade moral, seja mais consistente com a criatividade não-violenta do Evangelho; e a Igreja pode aprender com as religiões do mundo e estabelecer parcerias com elas para difundir e ativar a não-violência em todo o mundo.

Os cristãos podem desempenhar um papel crucial na promoção da educação para a paz, na implementação de programas educativos sobre não-violência e resolução pacífica de conflitos, na luta por políticas justas e no apoio às vítimas da violência. A não-violência ativa e a paz justa são práticas concretas que podem transformar
a realidade social atual.

Este texto é uma síntese do artigo publicado no jornal 7Margens, a 9 de outubro de 2024.